TSF e JN: denunciar ao regulador da comunicação ajuda o jornalismo

O Sindicato dos Jornalistas regista a deliberação do Conselho Regulador da Entidade Reguladora da Comunicação Social que deu razão a queixas apresentadas pelos Conselhos de Redação da TSF e do “Jornal de Notícias”, relativas a ingerências da anterior administração da Global Media Group (GMG) naqueles dois títulos.
 
O Conselho Regulador “verificou duas situações na emissão da TSF suscetíveis de configurar uma tentativa de interferência ilegítima da administração do GMG na liberdade e autonomia editorial das respetivas direções de informação” e concluiu que a destituição de Domingos Andrade de diretor não foi precedida de audição do Conselho de Redação. “Adicionalmente, o Conselho verificou a existência de indícios de que não terá sido garantido o direito de participação das redações das revistas Evasões e Volta ao Mundo nas mudanças das respetivas direções.”
 
O Sindicato do Jornalistas (SJ) saúda a luta dos jornalistas destes títulos, que apoiou na altura, disponibilizando aconselhamento jurídico. A decisão da ERC demonstra que a regulação funciona e comprova que zelar pela integridade da profissão, denunciando e travando todo o tipo de ingerências externas às redações não só compensa como é um dever de todos os jornalistas e uma forma de contribuir para a melhoria e a dignificação da profissão. 
 
O SJ saúda também a vitalidade dos CR da TSF e do JN, e a coragem dos conselheiros, que não se eximiram das responsabilidade que advêm de serem representantes eleitos pelos jornalistas nas respetivas redações, e que cumpriram, corajosamente, num ambiente hostil, a missão que lhe foi confiada pelos camaradas de trabalho.
 
A existência de Conselhos de Redação, democraticamente eleitos pelos jornalistas, é uma condição importante para a criação de um ambiente de respeito pelo trabalho, pela ética e pela deontologia dos jornalistas. Em tempos cada vez mais difíceis, em que os baixos salários e a proletarização da profissão nos retiram, tantas vezes, o tempo e a disponibilidade para pensar, o SJ saúda o esforço que fazem dezenas de jornalistas de todos os CR dos vários Órgãos de Comunicação Social portugueses em manter viva a discussão interna, a autorregulação e o escrutínio dos seus pares, dos seus superiores hierárquicos e o travão que colocam a eventuais ingerências externas.
 
As redações são tanto mais fortes quanto melhor organizadas em torno de meios representativos dos jornalistas, como os Conselhos de Redação ou delegados sindicais, que podem fazer a ponte entre o Sindicato e as redações, agilizando a resposta a anseios ou problemas dos jornalistas nos locais de trabalho.
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