Tribunal irlandês quer obrigar jornalista a revelar fontes

O juiz irlandês Alan Mahon solicitou autorização a um tribunal superior para poder obrigar o jornalista Barry O’Kelly, do “Sunday Business Post”, a revelar as fontes que usou para artigos escritos em Outubro de 2004.

O magistrado do Tribunal de Pagamentos e Planeamento justificou a sua posição com o facto dos documentos citados nos artigos de Barry O’Kelly se encontrarem em segredo de justiça no momento da publicação.

Segundo o juiz, a publicação das fugas de informação na imprensa dissuadiram potenciais testemunhas de cooperar com o tribunal, razão pela qual é do interesse público saber a autoria das mesmas.

Caso o tribunal superior ordene a revelação das fontes ao jornalista e/ou ao jornal e estes não cooperem, tanto Barry O’Kelly como o “Sunday Business Post” poderão ser julgados por desrespeito e obstrução à justiça.

Dizendo-se consciente das consequências da sua recusa em revelar as fontes, Barry O’Kelly afirmou que vai defender até ao fim o sigilo profissional.

Igualmente firme na sua posição está a Thomas Crosbie Holdings, empresa que edita o jornal e cujo director se recusou a garantir que não iria publicar informações confidenciais oriundas de fugas do tribunal.

Ambas as posições são aplaudidas por Séamus Dooley, secretário irlandês do Sindicato Nacional dos Jornalistas (NUJ), para quem esta decisão judicial tem implicações profundas no jornalismo irlandês.

“Espero que o tribunal superior pondere o papel vital do jornalismo de investigação e a importância das fontes jornalísticas em consonância com a sentença do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos no caso Goodwin”, afirmou o dirigente sindical, recordando uma deliberação judicial favorável ao direito à liberdade de expressão dos jornalistas.

A próxima audiência deste caso está marcada para 17 de Janeiro.

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