Tribunal britânico reconhece direito ao sigilo dos jornalistas

Um tribunal de recurso britânico deliberou a 21 de Fevereiro que o jornalista freelance Robin Ackroyd tem o direito a manter a confidencialidade das suas fontes e condenou ao mesmo tempo o enorme gasto de dinheiros públicos empregue na tentativa de forçar à quebra deste princípio basilar da profissão.

O processo judicial contra Robin Ackroyd foi motivado por um artigo publicado no “Daily Mirror” acerca do tratamento hospitalar indevido a que foi sujeito Ian Brady, homem que entre 1963 e 1965 assassinou cinco jovens de forma particularmente cruel, e foi interposto pelo Mersey Care NHS Trust, entidade que gere o hospital onde o criminoso foi assistido.

A 7 de Fevereiro de 2006, um tribunal superior considerou que Robin era um “jornalista responsável cujo objectivo foi actuar ao serviço do interesse público”, aceitando assim as motivações do jornalista para abordar o caso.

Na altura, Robin Ackroyd afirmou que “a forma como uma sociedade trata os seus prisioneiros, pacientes – de facto todos os cidadãos, incluindo os jornalistas – é um teste à sua maturidade”, e frisou que “por mais odiosos que tenham sido os crimes” cometidos por Ian Brady, o facto é que ele foi maltratado no hospital e isso “conduziu à mais longa greve de fome da história penal britânica”.

A batalha legal entre o Mersey Care NHS Trust e Robin Ackroyd dura há sete anos e foi desde sempre acompanhada pela equipa de advogados do Sindicato Nacional de Jornalistas britânico (NUJ).

Comentando o caso, o secretário-geral do NUJ, Jeremy Dear, enalteceu a “imensa coragem” do jornalista e disse esperar que o Mersey Care NHS Trust desista de interpor mais um recurso e deixe de deitar dinheiro à rua, uma vez que este seria muito mais bem empregue a tratar as pessoas que estão ao cuidado da instituição.

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