Tribunal britânico ameaça jornalistas de prisão

Os jornalistas Lena Ferguson, norte-irlandesa, e Alex Thomson, britânico, incorrem em penas de prisão por se negarem a revelar as fontes que lhes permitiram dar a conhecer novos elementos sobre os acontecimentos do “domingo sangrento” de 30 de Janeiro 1972, na Irlanda do Norte.

O juiz Mark Saville, que conduz o novo inquérito ao “Bloody Sunday”, advertiu os jornalistas que pende sobre ambos o crime de “afronta à justiça”, punível com penas de prisão efectiva.

O inquérito em curso é o segundo que investiga o “Bloody Sunday” – nome dado aos acontecimentos de 30 de Janeiro de 1972 em Londonderry (nordeste da Irlanda do Norte), quando soldados britânicos abriram fogo durante uma manifestação em defesa dos direitos cívicos dos católicos, fazendo 14 mortos -, e foi instaurado na sequência de um documentário assinado por Lena Ferguson e Alex Thomson, produzido em 1997 pelo canal britânico Channel 4.

O primeiro inquérito, realizado em 1972, ilibou o exército britânico, mas o trabalho dos dois jornalistas forçou a reabertura das investigações ao dar a conhecer novos elementos, obtidos junto de soldados britânicos envolvidos nos acontecimentos que testemunharam sob anonimato.

Tanto Lena Ferguson, agora editora de programas políticos da BBC na Irlanda do Norte, como Alex Ferguson, apresentador do jornal televisivo do Channel 4, se afirmam “prontos a ir para a prisão” para proteger as suas fontes.

Desde o início do processo, há quatro anos, que os dois jornalistas têm sido pressionados para quebrar o seu dever de sigilo profissional. A intimidação a que ambos têm estado sujeitos motivou os protestos da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que considera inadmissível que aqueles profissionais estejam ameaçados de prisão “por se recusarem a trair um princípio fundamental do jornalismo”.

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