Televisões árabes podem ser expulsas do Iraque

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) condena a ameaça de expulsão de Bagdade feita às estações televisivas Al-Jazeera e da Al-Arabiya pelo Conselho Governamental Iraquiano, e acusa-o de minar a liberdade de imprensa ao tentar abafar vozes independentes e alternativas.

Na opinião da FIJ, a paz e democracia não serão conseguidas com este tipo de medidas, que apenas reforçam o receio de que a guerra no Iraque não tenha visado, afinal, a reposição dos direitos fundamentais da população do país.

Para a FIJ, o Conselho Governamental Iraquiano deve retirar as ameaças de expulsar os correspondentes das televisões Al-Jazeera, do Qatar, e Al-Arabiya, sediada nos Emirados Árabes Unidos. As duas estações são acusadas de incitar à violência contra as forças ocupantes.

A intervenção da FIJ teve lugar após Samir Shakir Mahmoud al-Sumaidy, líder do comité para os Média do Conselho, ter declarado ao jornal “The Guardian” que aquela entidade decidira tomar fortes medidas contra a Al-Jazeera e a Al-Arabiya.

Já a semana passada a FIJ protestou contra a prisão de Tayseer Allouni, correspondente em Madrid da Al-Jazeera, que entrevistou Osama Bin Laden e agora enfrenta acusações de ligação à rede terrorista Al-Qaeda.

Por seu lado, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) manifestou a sua preocupação com o anúncio, feito pelo Conselho, de que seria impedida a cobertura de conferências de imprensa e a entrada em edifícios oficiais, por duas semanas, aos repórteres das emissoras por satélite.

O CPJ defende que, ao penalizar os Média, o Conselho Governamental Iraquiano está a abrir graves precedentes e a levantar questões preocupantes sobre a forma como as autoridades no Iraque lidam com a divulgação de certas notícias.

Também no Iraque, a Associated Press divulgou que soldados norte-americanos detiveram o fotógrafo da agência, Karim Kadim, e o seu motorista, Mohammed Abbas, perto de Abu Ghraib, fora de Bagdade.

O fotógrafo, já libertado, assegura ter-se identificado e repetido diversas vezes que estava em trabalho, bem como ter cumprido as ordens de não fotografar e de sair do local. Ainda assim, os dois homens terão sido algemados e deixados ao sol por três horas, sem acesso a água ou comunicações. Um oficial das tropas dos EUA lamentou, entretanto, o ocorrido, afirmando ter-se tratado de um mal-entendido.

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