Soldados alemães sob suspeita de se fazerem passar por jornalistas

As Forças Armadas Alemãs (Bundeswehr) investigam “há vários dias” soldados alemães do contingente das Nações Unidas na Bósnia que, segundo do canal de televisão pública ARD, se fizeram passar por jornalistas para obter informações junto da mulher de um islamita preso na base aérea norte-americana de Guantanamo, disse a 23 de Dezembro, em Berlim, um porta-voz do Ministério da Defesa.

Ainda segundo a ARD, dois alemães, que se identificaram como jornalistas, dirigiram-se à mulher no seu local de residência, na Bósnia-Herzegovina, para a entrevistar, em Julho de 2003, tendo-a questionado sobre o marido. A entrevista nunca chegou a ser publicada, mas o canal televisivo garante que as informações recolhidas estão na posse dos serviços secretos alemães.

A Associação de Jornalistas Alemães já pediu ao Ministério da Defesa um “esclarecimento exaustivo” deste caso. Para Michael Konken, presidente da Associação dos Jornalistas Alemães (DJV) “se os soldados se disfarçaram de jornalistas, não só violaram as prescrições da Bundeswehr, como puseram em risco a segurança de jornalistas que actuam em zonas de crise”.

“Quando a independência dos jornalistas é posta em causa sem que estes contribuam para isso”, disse aquele responsável, “aumenta o risco de os repórteres se tornarem alvos em teatros de guerra ou de crise e a Bundeswehr tem responsabilidades especiais pela vida dos jornalistas internacionais que estão a trabalhar em zonas de crise”.

De acordo com a legislação alemã, os serviços secretos militares “podem recolher informações nos meios em que o contingente alemão se movimenta, para sua protecção”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa, mas “os soldados têm instruções para desempenhar este tipo de missões em uniforme, para tornar claro que pertencem à Bundeswehr”.

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