SOBRE UM COMUNICADO DA UDT EM TIMOR LESTE

Perante os termos inaceitáveis de um comunicado da União Democrática Timorense (UDT) sobre a avaliação, por jornalistas portugueses, de um comício realizado no decorrer da campanha eleitoral em Timor-Leste, o Sindicato dos Jornalistas exarou em comunicado a sua posição.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) teve conhecimento do teor de um comunicado da União Democrática Timorense (UDT), divulgado em Díli no passado dia 12, a propósito da cobertura por jornalistas portugueses de um comício daquele partido realizado na véspera. Em causa está fundamentalmente o número de participantes no referido comício, que jornalistas e dirigentes da UDT avaliam de forma divergente. Sem se pronunciar sobre o rigor dessa avaliação numérica, o que obviamente não lhe compete, o SJ considera-se no dever de sublinhar o seguinte:

1. São inaceitáveis os termos em que a UDT se refere à Comunicação Social e aos jornalistas portugueses, cujo historial em relação a Timor Leste e à defesa do direito do seu povo à autodeterminação representou um inquestionável contributo para o actual processo de democratização do território mediante consulta popular.

2. O SJ lamenta que, a partir do teor de uma simples notícia com a qual está em desacordo, a UDT formule processos de intenções relativamente a jornalistas portugueses, acusando-os de perseguir o objectivo de prejudicar aquele partido.

3. O SJ reconhece que o período de campanha eleitoral actualmente em curso é propício ao desencadear de paixões exacerbadas entre dirigentes e militantes dos partidos políticos, mas considera que os jornalistas portugueses se habituaram há muito a encarar com discernimento e isenção este tipo de situações, com base na experiência de vida democrática que o 25 de Abril implantou em Portugal há quase três décadas.

4. O SJ reafirma que informar com isenção e rigor é o dever de qualquer jornalista, independentemente dos interesses que possa afectar, e que tal dever é parte inalienável do direito à informação, que nenhum partido político verdadeiramente democrático pode desrespeitar.

5. O SJ tudo fará para garantir aos jornalistas portugueses, sejam ou não seus associados e estejam onde estiverem, as condições de liberdade necessárias ao exercício da profissão, inclusivamente com recurso ao apoio das autoridades.

6. O SJ está convicto de que o relacionamento dos jornalistas portugueses com os partidos que disputam as eleições para a Assembleia Constituinte, em Timor Leste, se regerá pelos princípios éticos da profissão e do respectivo Código Deontológico, esperando da UDT e demais organizações políticas o respeito devido a uma actividade cujo exercício independente, imparcial e sem constrangimentos é indispensável para a gestação e reforço da Democracia.

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