SJ repudia ingerência da administração da Lusa no domínio editorial

O inquérito instaurado pela Administração da Lusa ao incidente relacionado com iniciativas jornalísticas sobre a cobertura das escolas portuguesas com rede de banda larga traduz, segundo o Sindicato dos Jornalistas (SJ), uma “condenável desautorização da hierarquia da Direcção de Informação e uma ingerência ilegítima da Administração num domínio que não é o seu”.

Em comunicado divulgado hoje, 10 de Fevereiro, o SJ manifesta a sua preocupação pela ingerência da empresa em matéria “exclusivamente editorial”, e adverte que “só à Directora de Informação da agência podem ser solicitados os esclarecimentos que se revelarem úteis” para a defesa da imagem pública da Lusa.

Sublinhando que o comunicado do CR sobre o assunto “traduz um importante esforço de análise, de discussão interna, de crítica e autocrítica, sem prejudicar o direito à divergência”, o SJ “apela aos jornalistas de Lusa para que se mantenham firmes na defesa da independência editorial da agência, rejeitando quaisquer pressões externas ou internas”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

O SJ e a situação editorial na Lusa

1. A Direcção do Sindicato dos Jornalistas tem acompanhado com atenção o incidente na Agência Lusa relacionado com actos jornalísticos sobre a cobertura das escolas portuguesas com rede de banda larga, evitando pronunciar-se sobre o aparente conflito, pois ele estava a ser tratado pelos órgãos com legitimidade para tal: o Conselho de Redacção (CR) e a Directora de Informação.

2. Sem se pronunciar sobre a substância do seu conteúdo, a Direcção do SJ considera, aliás, que o comunicado do CR sobre a matéria traduz um importante esforço de análise, de discussão interna, de crítica e autocrítica, sem prejudicar o direito à divergência (tão natural e legítima nos órgãos de informação participados pelo Estado, como nos privados) e representa um apreciável contributo para a valorização do direito de participação dos jornalistas.

3. A Direcção do SJ considera que a iniciativa da Directora de Informação da agência de solicitar uma apreciação do assunto pelo Conselho Deontológico e pela Alta Autoridade para a Comunicação Social reflecte uma louvável disponibilidade para um escrutínio mais amplo dos seus actos.

4. A Direcção do SJ aguardaria, pois, em silêncio o desenvolvimento do caso, não fosse ter tido conhecimento de que a Administração da Empresa determinou a realização de um inquérito aos factos, iniciativa inquietante e que merece o claro repúdio do Sindicato.

5. Sendo a matéria em causa de carácter exclusivamente editorial, a inquirição dos jornalistas traduz uma condenável desautorização da hierarquia da Direcção de Informação e uma ingerência ilegítima da Administração num domínio que não é o seu.

6. O SJ não põe em causa as competências próprias da Administração, mas entende que, se é caso para tal, só à Directora de Informação da agência podem ser solicitados os esclarecimentos que se revelarem úteis na parte da defesa da imagem pública da Empresa que à Administração caiba.

7. O SJ apela aos jornalistas de Lusa para que se mantenham firmes na defesa da independência editorial da agência, rejeitando quaisquer pressões externas ou internas que só servem para pôr em causa a qualidade e credibilidade do seu trabalho.

Lisboa, 10 de Fevereiro de 2006

A Direcção

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