SJ repudia agressões a jornalistas durante a apresentação da candidatura de Pinto da Costa

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) repudia as agressões a jornalistas durante a apresentação da candidatura de Pinto da Costa à presidência do F. C. Porto. O terceiro caso de intimidação, a nível nacional, em duas semanas tem de ter uma resposta adequada das autoridades e da sociedade.

Segundo relatos que chegaram ao SJ, dois jornalistas foram atingidos por isqueiros durante o discurso de recandidatura do atual líder dos “dragões” no Coliseu do Porto, no domingo ao fim da tarde. Há ainda notícias de que foram atiradas também garrafas de água e outros objetos na direção dos profissionais da Comunicação Social em trabalho naquele evento.

As agressões aconteceram quando Pinto da Costa criticou a Comunicação Social no discurso de candidatura a um novo mandato. O SJ lamenta esta atitude do presidente do F. C. Porto, absolutamente desrespeitosa e inaceitável, e pede às autoridades que investiguem o aparente nexo causal entre o ataque verbal do líder dos “dragões” e a reação de alguns adeptos. Palavras especialmente desnecessárias de quem apresentou currículo e não precisava, como alguns fazem, de atacar os jornalistas para parecerem importantes.

Esta atitude foi particularmente estranha numa apresentação em que estiveram presentes dezenas de jornalistas e que, à exceção deste incidente, decorreu dentro da normalidade. Também por isso, foi possível aos portistas que não estiveram no Coliseu do Porto saber quais as propostas de Pinto da Costa para a candidatura a um 16.º mandato à frente dos “dragões”. Diretos, acompanhamento ao minuto nos sites, reportagens radiofónicas e televisivas e várias páginas de jornais, desportivos e generalistas, provaram, como se necessário fosse, que sem jornalismo e jornalistas, os títulos e os feitos de Pinto da Costa não teriam a relevância que têm nem o F. C. Porto teria a grandeza que ostenta.

Nesse sentido, é ainda mais lamentável perceber que as agressões não aconteceram num vazio e que, por isso, não podem ser dissociadas das críticas de Pinto da Costa à Comunicação Social. O SJ lembra, uma vez mais, que a agressão a jornalistas é crime público, que deve ser investigado. Alerta, ainda, as autoridades para um aparente clima de impunidade – pois não são conhecidas detenções ou julgamentos dos casos mais recentes – que parece instalar-se no futebol português, mas não só, com três agressões a jornalistas no espaço de duas semanas.

A 23 de janeiro um jornalista do ZeroZero foi intimidado por elementos da equipa técnica do Sport Lisboa e Benfica, após a cobertura noticiosa da final da Taça da Liga masculina de futsal. Dois dias depois, uma equipa do Porto Canal foi agredida durante uma reportagem à porta de uma fábrica de calçado em São João da Madeira. A ideia de que os jornalistas podem ser pressionados, intimidados e agredidos é uma erva daninha que tem de ser erradicada, através de formação nas escolas, literacia mediática e, nos casos agudos, com ações judiciais céleres e exemplares. Tratando-se de crime público, não há desculpas.

 

A Direção

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