A fusão das secções de Economia do “Jornal de Notícias” e do “Diário de Notícias” numa estrutura centralizada destinada a produzir a informação económica para diferentes órgão da empresa Global Notícias preocupa o Sindicato dos Jornalistas (SJ).
Em comunicado divulgado esta segunda-feira, 16, o SJ adverte que esta iniciativa da Global Notícias “comporta sérios problemas, quer ao nível editorial e da identidade dos órgãos de informação envolvidos, quer das condições de trabalho dos jornalistas, quer da própria relação de trabalho”, pelo que vai solicitar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que aprecie as consequências da operação em curso.
É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:
Fusão de secções de Economia do JN e do DN preocupa SJ
1. A empresa Global Notícias, Publicações, SA, do grupo Controlinveste, decidiu transferir jornalistas que trabalham nas secções de Economia do “Jornal de Notícias” e do “Diário de Notícias”, com o objectivo de fundi-las numa estrutura centralizada que deverá produzir a informação económica para aquelas duas publicações, para um sítio informativo na Internet – “Dinheiro Vivo” – e para um suplemento semanal a distribuir também pelo JN e pelo DN, bem como para a TSF.
2. Tal como o SJ já tornou claro em comunicado no início de Abril, esta iniciativa da Global Notícias comporta sérios problemas, quer ao nível editorial e da identidade dos órgãos de informação envolvidos, quer das condições de trabalho dos jornalistas, quer da própria relação de trabalho, na medida em que:
a) A extinção das secções de Economia próprias e a sua fusão numa única estrutura correspondem a uma nova etapa no processo de desagregação das redacções, iniciado com extinção das secções de Reportagem Fotográfica;
b) Estas medidas fazem aumentar o receio de que está realmente em curso um plano de fusão das redacções, com prejuízo para a identidade própria que cada órgão de informação deve possuir, uniformização da informação e perda da diversidade informativa;
c) Os jornalistas colocados na estrutura pretendida ficarão na dependência simultânea de várias hierarquias editoriais e trabalhando para vários órgãos de informação, satisfazendo solicitações que podem ser diferentes, sobretudo quanto ao “estilo” e também quanto às técnicas jornalísticas;
d) Além de questionável do ponto de vista de subordinação hierárquica, o esquema de funcionamento pretendido pode traduzir-se em esforços adicionais desgastantes para os jornalistas, especialmente com a eventual necessidade de reescrita dos materiais de acordo com o “estilo” e as opções editoriais dos diferentes órgãos;
e) Embora se trate de uma unidade dentro da mesma empresa e não da transferência dos jornalistas abrangidos para uma nova empresa, tal operação carece sempre do acordo prévio entre a GN e os profissionais abrangidos.
3. Verificou-se, porém, que a empresa não só decidiu prosseguir o seu projecto mas também manteve uma posição intransigente em relação às legítimas exigências feitas por um significativo número de jornalistas, que justamente reclamavam a inclusão, no acordo de transferência, de uma cláusula reconhecendo o direito de regresso à Redacção de origem, criando assim um sentimento de insegurança muito grande relativamente ao futuro destes profissionais.
4. O caso ganhou contornos mais graves ao verificar-se que a transferência – que na realidade se pode considerar compulsiva – não foi antecedida por uma ordem escrita, colocando os jornalistas numa insuportável margem de insegurança quanto ao procedimento a seguir.
5. Face às preocupações acima referidas e ao comportamento da empresa, e sem prejuízo de outras formas de apoio, a Direcção do SJ:
1.º – Manifesta a sua preocupação com os riscos de despersonalização e descaracterização das publicações e a redução do pluralismo informativo resultantes da produção informativa centralizada e renova a sua solidariedade para com os jornalistas atingidos.
2.º Apela aos directores e aos conselhos de redacção dos órgãos de informação abrangidos para que reflictam sobre as consequências da iniciativa da empresa para a qualidade e a identidade das publicações, persuadindo a Administração a recuar na fusão das secções de Economia.
3.º – Vai solicitar à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) que aprecie com urgência as consequências da operação em curso para a diversidade e para o pluralismo informativos e que tome as medidas indispensáveis.
4.º – Renova a disponibilidade dos Serviços Jurídicos do Sindicato para continuarem a apoiar os seus associados na defesa dos respectivos direitos e interesses.
Lisboa, 16 de Maio de 2011
A Direcção