O SJ enviou às organizações de jornalistas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) um Apelo para a criação de uma Federação de Jornalistas de Língua Portuguesa. A iniciativa coincidiu com o início, em Coimbra, da reunião de Conselho de Ministros da CPLP.
Convicto de que a criação de uma estrutura que aprofunde e torne consequente a cooperação e a solidariedade entre as organizações de jornalistas dos Países de Língua Oficial Portuguesa é um desígnio há muito acalentado pelos representantes dos jornalistas lusófonos, o SJ considera ser chegada a hora de iniciar o processo de discussão sobre os caminhos a percorrer.
Como ponto de partida, o SJ apresenta, sob a forma de Apelo, um primeiro enunciado de princípios e objectivos, aberto aos contributos e às críticas de todos os interessados.
O documento enfatiza, entre outros aspectos, a promoção da língua portuguesa, a defesa da liberdade de expressão e a intervenção conjunta ao nível de organizações e instâncias internacionais.
É o seguinte o texto integral do Apelo às organizações de jornalistas da CPLP:
POR UMA FEDERAÇÃO DE JORNALISTAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
O Sindicato dos Jornalistas portugueses está convicto de que:
1. Além de uma língua, as nossas organizações e respectivos filiados partilham um indeclinável amor pela liberdade de expressão e uma responsável defesa dos direitos, liberdades e garantias das pessoas e dos povos;
2. A imprensa livre é um elemento estruturante sem o qual não é possível edificar uma sociedade justa e progressiva, cabendo aos jornalistas o papel histórico da mediação entre quem discute, planeia e executa as transformações e os povos aos quais estas se dirigem;
3. No contexto da globalização, da concentração dos meios de informação e da formação de conglomerados de comunicação, os problemas da liberdade de expressão não se cingem hoje às fronteiras deste ou daquele país, colocando-se, pelo contrário, em escalas e em complexidade cada vez maiores;
4. Tais condições reclamam hoje respostas mais amplas e mais eficazes, convocando a cooperação fraterna entre organizações profissionais e a solidariedade na acção, valores que os jornalistas seguramente comungam, mas a que urge dar conteúdo concreto;
5. Não obstante as declarações de intenções e compromissos mais ou menos recorrentes, algumas iniciativas concretas e alguns passos já dados, o desiderato da solidariedade e da cooperação ainda não está alcançado. Dificuldades diversas têm pontuado a situação de algumas das nossas organizações, mas é urgente realizar um esforço de mobilização de boas-vontades, projectos e disponibilidade.
Por conseguinte, sentindo-se no dever de contribuir para a concretização de compromissos já assumidos, nomeadamente no último Congresso de Jornalismo de Língua Portuguesa (Recife, 2000), no seu próprio Plano de Actividades e nas conversações que vem mantendo com dirigentes de várias organizações, o Sindicato dos Jornalistas portugueses apela às organizações profissionais de todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para que apoiem a criação de uma federação, com os seguintes objectivos centrais:
1. Estreitar e aprofundar as relações de amizade e cooperação em domínios como:
a) promoção da língua portuguesa, sem prejuízo das línguas autóctones, bem como da História comum, no respeito pela diversidade dos povos e dos seus percursos;
b) defesa da liberdade de expressão (de imprensa), contribuindo para a formação e a consolidação de opiniões públicas informadas, esclarecidas e civicamente activas;
c) formação profissional, promovendo o acesso à formação profissional, à formação contínua e especializada, em centros existentes ou a criar na CPLP ou fora dela;
d) acção sindical, em particular nas áreas da contratação colectiva, promoção de direitos e trabalho sindical nas empresas;
2. Reforçar a representatividade nomeadamente
a) na CPLP – enquanto tal e em cada um dos seus Estados-membros, agindo em defesa da liberdade de expressão (imprensa) e contribuindo para a regulação do exercício da profissão, bem como mobilizando meios e recursos úteis às acções de solidariedade;
b) nas organizações internacionais , especialmente a Federação Internacional de Jornalistas, propondo-se constituir um bloco de influência lusófono e melhorando a eficácia das iniciativas e acções de solidariedade;
c) junto das instâncias e autoridades internacionais, potenciando a representatividade da comunidade de lusofalantes no Mundo.
A fim de sublinhar o seu compromisso histórico com estes objectivos, o Sindicato dos Jornalistas portugueses torna público o presente Apelo no dia em que se reúne em Coimbra o Conselho de Ministros da CPLP.