SJ apela à contenção na venda da Lusomundo Média

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) propôs, em 21 de Janeiro, uma moratória à venda da Lusomundo Média. Apesar de continuar a defender um “recuo da concentração existente” naquele grupo, o SJ considera que o mesmo deve ser programado num “prazo razoável e com uma adequada ponderação” das suas consequências.

O processo de alienação deve decorrer com a necessária ponderação, afirma o SJ, de forma a evitar quer “o reagrupamento do conjunto dos órgãos de informação ou de parte deles num outro grande grupo, agravando a concentração”, quer a sua entrega a “aventuras de consequências imprevisíveis”.

Apelando ao “sentido de responsabilidade” da Administração da PT, dos decisores políticos presentes e futuros, da Autoridade da Concorrência e da Alta Autoridade para a Comunicação Social no sentido de impedir qualquer decisão precipitada, o SJ lembra ainda que está em curso um “importante processo de negociação colectiva na Global Notícias” fundamental para a estabilidade da empresa, e alerta para o facto de a “torrente de notícias” sobre a venda poder “colocar em crise”, tanto a nível interno como externo, a credibilidade dos projectos e iniciativas em curso, e influenciar “negativamente os seus resultados e degradar a breve prazo o seu valor”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

SJ propõe moratória à venda da Lusomundo Média

1. O Sindicato dos Jornalistas acompanha com grande preocupação a verdadeira feira de cobiça instalada em torno dos chamados activos de média do conglomerado empresarial da Portugal Telecom – a Lusomundo Média.

2. Com a autoridade de quem, durante muitos anos, clamou praticamente sozinho contra as concentrações e, em concreto, sobre a da Lusomundo Média, o Sindicato dos Jornalistas tem o dever de apelar à contenção imediata do precipitado e perigoso processo em curso.

3. Sem embargo de continuar a defender um recuo da concentração existente no referido grupo, o SJ considera que devem ser evitados dois graves riscos: o reagrupamento do conjunto dos órgãos de informação ou de parte deles num outro grande grupo, agravando a concentração, ou a sua entrega a aventuras de consequências imprevisíveis. Por isso, é indispensável a programação desse recuo num prazo razoável e com uma adequada ponderação de todos os passos a dar e das suas consequências.

4. O SJ apela ao sentido de responsabilidade da Administração da PT e, sobretudo, dos decisores políticos presentes e futuros, ao mesmo tempo que espera que a Autoridade da Concorrência e a Alta Autoridade para a Comunicação Social impeçam o agravamento das concentrações e não autorizem a entrega dos activos em causa aos grandes grupos.

5. O SJ apela igualmente à PT e aos seus principais accionistas, bem como aos decisores políticos que, em nome do accionista Estado, possam tomar posição, para que estabeleçam uma moratória de pelo menos dois anos, em relação a uma eventual intenção de alienação dos activos de média do grupo, a fim de prevenirem os graves riscos daí decorrentes para as próprias empresas e para as pessoas que nelas trabalham.

6. Tendo consciência de que várias componentes do grupo se encontram em processos de reestruturação e revalorização, que inclusivamente já custaram sacrifícios a muitos trabalhadores, o mínimo que se pode exigir é que seja observado um período de reafirmação dos projectos e de melhoria dos seus resultados, satisfazendo as legítimas expectativas de mais de um milhar de pessoas que trabalham no grupo e os interesses dos destinatários do seu trabalho.

7. Decorrendo um complexo mas importante processo de negociação colectiva na Global Notícias – verdadeiro navio-almirante da Lusomundo Média – o SJ tem uma noção muito clara da importância da estabibilidade da empresa, como condição essencial para a melhoria do desempenho colectivo, da resposta aos leitores que serve e até da satisfação das expectativas dos accionistas.

8. A torrente de notícias sobre alienação dos activos em causa está, porém, a gerar grave instabilidade interna e externa, podendo colocar em crise a credibilidade das decisões e dos projectos e iniciativas, quer junto dos seus trabalhadores, quer junto do mercado (investidores publicitários incluídos) e, por conseguinte, influenciar negativamente os seus resultados e degradar a breve prazo o seu valor.

9. Com o sentido de responsabilidade que o caracteriza, o SJ continuará a acompanhar esta questão com o empenho e a preocupação que a gravidade do assunto merece, apelando a todos os que se têm pronunciado sobre a necessidade de desmantelamento deste grupo de média, para que evitem transformar as suas legítimas opiniões em argumentos úteis a disputas por um controlo mais concentrado da informação ou a investidas especulativas dos mercados financeiros.

Lisboa, 21 de Janeiro de 2005

A Direcção

Partilhe