SJ apela à adesão dos jornalistas à greve geral de 14 de Novembro

A Direcção do Sindicato dos Jornalistas decidiu apresentar um pré-aviso de greve de 24 horas para 14 de Novembro e apelar a todos os jornalistas para que, nesse dia, paralisem toda e qualquer actividade e juntem o silêncio das suas notícias ao enorme e legítimo grito de protesto de todos os trabalhadores.

Em comunicado divulgado hoje, 2 de Novembro, o SJ lembra que os jornalistas estão confrontados com a maior vaga de despedimentos dos últimos anos e com a crescente degradação das suas condições de trabalho, o que tem consequências dramáticas não apenas para as suas vidas mas constitui também uma séria ameaça ao próprio direito à liberdade de informação.

Consciente de que a crise que afecta todos os trabalhadores é também um problema dos profissionais da comunicação social, o SJ considera que este é o momento de os jornalistas “tomarem posição, de não ficarem à margem de uma luta que também lhes diz respeito, que é justa e que é necessária”.

Neste contexto, refere o SJ, os “jornalistas e o seu Sindicato são chamados a participar sem hesitações nesta jornada decisiva, mobilizando-se para fazer do dia 14 de Novembro uma oportunidade soberana para afirmar a sua capacidade de luta e a sua solidariedade para com todos os trabalhadores, contra as políticas económicas e sociais que ameaçam capturar o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos”.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:
Apelo
Os jornalistas na greve geral de 14 de Novembro: uma voz que conta!

Aos jornalistas
Aos trabalhadores
Aos cidadãos

1. Os despedimentos de jornalistas – uns concretizados, outros prestes a consumar-se e uns terceiros a ameaçar desabar sobre as suas cabeças – estão na ordem do dia com especial intensidade nas últimas semanas. Largas dezenas de profissionais foram lançados no desemprego este ano e muitos outros se lhes seguirão se não pararmos esta sangria que está a exaurir as redacções. Entre 2009 e 2011, só a Caixa dos Jornalistas (entretanto extinta) recebeu quase quatro centenas de pedidos de subsídios de desemprego.
2. A maior parte dos jornalistas despedidos não regressa à profissão; muitos dificilmente têm emprego alternativo; outros reformam-se precocemente. E os que regressam reentram pela porta da precariedade e com retribuições baixas. O Jornalismo nunca mais voltará a ser o mesmo – nem para eles nem para as empresas que lançam fora o precioso capital de memória, de experiência e de espírito crítico que eles representam. Um capital que faz falta ao Jornalismo e à Cidadania.
3. O esvaziamento das redacções e o recrutamento de substitutos com salários baixos não são as únicas consequências da continuada investida do patronado. Sob a ameaça explícita ou suspeitada de recurso a novas reestruturações, a mais despedimentos colectivos ou despedimentos individuais disfarçados de acordos de rescisão dita amigável, a ofensiva progride noutras frentes. Reduz-se retribuições, cancela-se direitos (trabalho suplementar, pernoitas, etc.), submete-se a consciência e a vontade ao jugo da inevitabilidade.
4. Umas empresas estarão com dificuldades; outras nem tanto, ou nem por sombras. As crises são uma boa desculpa para proceder a limpezas de activos ou servem de álibi para a solução mais fácil – o despedimento de jornalistas e outros trabalhadores das empresas jornalísticas. Bem sabemos que a crise económica existe e é dramática, mas também sabemos que a Imprensa não pode sucumbir nunca e que, precisamente em tempos de crises, os jornalistas e o Jornalismo devem fazer parte da solução e não do problema.
5. Sabemos também que a crise existe para nós e para todos os trabalhadores, assim como para milhares e milhares de pequenos e médios empresários. Mas sabemos ainda que a crise tem causas e tem culpados, que estão a destruir a economia, a semear o desemprego, a agravar cada vez mais os impostos de quem trabalha, a roubar os reformados e pensionistas, a minar a coesão social, a fazer grassar a pobreza e a miséria e a lançar o país num abismo irremediável.
6. Conscientes de que este problema também é nosso, os jornalistas estão inequivocamente convocados a tomar a palavra e a afirmar-se como voz que conta no poderoso protesto que ecoa em toda a sociedade portuguesa, já indiferente às fronteiras das filiações, e ganha mesmo terreno à escala internacional. É sabido: em Portugal, além da CGTP-IN, muitas outras organizações sindicais estão a convocar greves para o dia 14 de Novembro; e em França, em Espanha, na Grécia, em Itália, na Alemanha e noutros países da Europa estão em marcha importantes greves gerais e outras jornadas de luta na mesma data.
7. É o momento de também os jornalistas tomarem posição, de não ficarem à margem de uma luta que também lhes diz respeito, que é justa e que é necessária. É imperioso deter a poderosa ofensiva que nos cerca e oprime em várias frentes – das empresas aos governos e parlamentos, dos mercados financeiros especulativos ao crédito às pessoas e às empresas.
8. Neste contexto, os jornalistas e o seu Sindicato são chamados a participar sem hesitações nesta jornada decisiva, mobilizando-se para fazer do dia 14 de Novembro uma oportunidade soberana para afirmar a sua capacidade de luta e a sua solidariedade para com todos os trabalhadores, contra as políticas económicas e sociais que ameaçam capturar o nosso futuro e o futuro dos nossos filhos.
9. Assim, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas decidiu apresentar um pré-aviso de greve de 24 horas a cumprir no próximo dia 14 de Novembro e apelar a todos os jornalistas para que, nesse dia, paralisem efectivamente toda e qualquer actividade e juntem o silêncio das suas notícias ao enorme e legítimo grito de protesto de todos os trabalhadores.

Lisboa, 2 de Novembro de 2012

A Direcção

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