Sindicato paquistanês promove “Dia Negro” de protesto

O assassinato de um repórter e outros actos de violência contra membros da imprensa, no espaço de um mês, levaram o Sindicato Federal de Jornalistas do Paquistão (PFUJ) a marcar para 19 de Junho um “Dia Negro” de protesto, em conjunto com a Confederação de Funcionários de Jornais de Todo o Paquistão (APNEC).

Esta acção é apoiada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), cujo presidente Christopher Warren afirmou que “a imprensa não pode funcionar democraticamente quando está sob constante ameaça”, e instou as autoridades a investigarem os ataques aos média e a punirem os responsáveis.

Jornalista encontrado morto

O jornalista paquistanês Hayatullah Khan, repórter do diário “Ausaf” e fotógrafo da European Pressphoto Agency (EPA), foi encontrado morto a 16 de Junho por habitantes da localidade de Mir Ali, no Vaziristão do Norte, região onde foi raptado a 5 de Dezembro de 2005.

Dias antes de ter sido sequestrado por cinco homens armados, o jornalista relatara que Maza Rabia, um comandante da Al Qaeda, tinha sido morto por um míssil norte-americano e não na sequência de uma explosão, contrariando a versão oficial com fotografias que mostravam os restos de um míssil Hellfire.

Segundo o PFUJ, durante os seis meses em que o jornalista esteve cativo, as autoridades nada fizeram, o que conduziu a este desfecho trágico, tendo Hayatullah Khan sido encontrado algemado e com tiros na nuca.

Para o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), será muito complicado identificar os culpados por este crime, dado que o repórter do “Ausaf” recebeu várias ameaças devido às suas reportagens, oriundas tanto de forças de segurança paquistanesas como de membros dos talibã e das tribos locais.

Outros ataques

A 14 de Junho, cerca de 50 pessoas atacaram, com paus e a pontapé, seis trabalhadores dos média no Clube de Imprensa Thari Mirwah, alegadamente em resposta a um artigo que acusava construtores civis de usarem materiais inadequados na construção de canais de irrigação.

No mesmo dia, um membro de um jirga (assembleia tribal ilegal) alegadamente destruiu o escritório da Sindh TV em Jacobobabad por a estação ter noticiado a decisão da jirga em casar cinco raparigas menores com elementos de outra tribo.

O ataque deixou em mau estado um funcionário da Sindh TV e, no dia seguinte, dois jornalistas – Sarmad Kanrani, do “Daily Ibrat”, e Mubarak Bhatti, do “Koshish” e da KTN TV – foram ameaçados de represálias caso não deixassem cair o assunto.

Mais longe do que a ameaça foram dois homens não identificados que dispararam sobre Paryal Deyo, correspondente do “Kawaish” e presidente do Clube de Imprensa Pano Aqil, que ficou gravemente ferido.

Condenando o ataque, o PFUJ exigiu a detenção de um agente da polícia suspeito de envolvimento no caso e recordou que todas as situações relatadas ocorrem menos de um mês após o assassinato do operador de câmara Munir Ahmed Sangi.

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