Sindicato dos Jornalistas congratula-se e apoia pedido de classificação do arquivo do “Jornal de Notícias”

O Sindicato dos Jornalistas apoia e congratula-se com o Projeto de Resolução n.º 632/XV, apresentado pelo PCP, que recomenda ao Governo que se tomem as diligências necessárias à classificação do arquivo do “Jornal de Notícias”. O Partido Comunista “exige medidas excecionais de proteção e classificação”, que garantam “o acesso efetivo dos jornalistas e investigadores ao espólio” daquele que é o segundo jornal generalista mais antigo em Portugal.

Fundado em 2 de junho de 1888, há quase 135 anos, no Porto, “o JN, como é conhecido popularmente, assume-se como jornal de uma cidade, de uma região, mas também de um país de regiões, exercendo um jornalismo de proximidade”, defende o PCP, na fundamentação do pedido. Estas caraterísticas fazem do arquivo do “Jornal de Notícias” um acervo único, cujo “estudo, classificação e divulgação” são defendidos pelo Partido Comunista Português.

Em nota enviada à comunicação social, o PCP defende a “avaliação do acervo documental do Centro de Documentação/Arquivo do “Jornal de Notícias” existente, à data, nas instalações da empresa” e a o “desenvolvimento de medidas de recuperação de partes ou peças do acervo eventualmente subtraídas”. Num documento em que sugere a “classificação do Arquivo do JN”, considera fundamental a “garantia da respetiva integridade e salvaguarda” do acervo “em instalações próprias adstritas à Redação, acessível aos jornalistas, a investigadores e ao público”, quando se sabe que o jornal vai deixar o edifício histórico e mudar-se para instalações com menos espaço, o que constituiu uma preocupação acrescida, quando se fala de um acervo de grande dimensão.

Constituído por milhares de pastas temáticas e biográficas, com documentos, relatórios, recortes de inúmeras publicações nacionais e estrangeiras, ilustrações, fotografias impressas e em negativos, “o Arquivo representa um acervo único de documentação sobre acontecimentos centrais na vida local, regional, do país e do Mundo, mas também sobre a vida de inúmeras personalidades”, sublinha o PCP, socorrendo-se da síntese feita pelo Conselho de Redação num manifesto que fez chegar aos partidos e à sociedade civil, em setembro de 2022.

Entre os núcleos de extraordinária importância, destacam-se as pastas temáticas, relativas aos mais diversos assuntos objeto de sistemática atenção documental, e biográficas, com documentos que permitem reconstituir e interpelar o percurso de personalidades marcantes ao longo de décadas”, com mais pendor no norte de Portugal. Destaca, também, a importância de preservar as “provas à censura” (ou “granéis”, para utilizar o jargão da época), peças “únicas que documentam a forma como as comissões de Censura e de Exame Prévio amputaram ou proibiram dezenas de milhares de textos e imagens e privaram os leitores de informações essenciais”.

A discussão do Projeto encontra-se agendada para o dia 26 de abril em sede da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na Assembleia da República, adiantou o PCP. “Também não podem ser perdidas ou desvalorizadas pastas contendo os telegramas das agências noticiosas internacionais cuja publicação a Censura proibiu total ou parcialmente, vedando aos leitores do JN a real compreensão do que foi acontecendo fora do país”, argumentam os comunistas na fundamentação da apresentação do pedido de resolução para a classificação do arquivo do “Jornal de Notícias”.

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