O jornalista Shi Tao foi condenado, a 30 de Abril, por um tribunal de Changsha, na província chinesa de Hunan, a dez anos de prisão por “fornecer ilegalmente segredos de Estado a estrangeiros”.
Segundo a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, Shi Tao foi considerado culpado de colocar na Internet os seus apontamentos sobre um documento governamental secreto lido ao conselho editoral da revista económica “Dangdai Shang Bao” em Abril de 2004, os quais foram reproduzidos por diversos sítios estrangeiros.
A sentença do jornalista foi a menor possível nestes casos, uma vez que o advogado de defesa Tong Wenzhong – que nunca pôde aceder aos conteúdos dos tais “segredos de Estado” – deu entrada de uma confissão de culpa em nome de Shi Tao, a 11 de Março.
Este causídico defendeu Shi Tao em substituição de Guo Guoting, que soube pouco antes do julgamento do jornalista que a sua licença para exercer advocadia tinha sido suspensa.
Guo Guoting – conhecido por assumir casos de liberdade de expressão – revelou ao Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) que pretendia argumentar que, apesar de Shi Tao ter assumido a colocação do material na Internet, ele não era culpado porque o material em causa nunca deveria ter sido classificado como segredo de Estado.
Segundo o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), as leis chinesas acerca de segredos de Estados são vagas e têm sido usadas para silenciar notícias sobre assuntos sensíveis.
Shi Tao foi detido por agentes de segurança a 24 de Novembro de 2004, tendo as autoridades confiscado o seu computador e outros documentos e dito à família que não alardeasse a detenção.
A 14 de Dezembro, o jornalista foi acusado formalmente de provocar a “fuga de segredos de Estado”.
Com um total de 42 profissionais encarcerados, a China foi considerada em 2004, pelo sexto ano consecutivo, o país com maior número de jornalistas presos.