Secreta alemã usou jornalistas para espiar jornalistas

O serviço secreto alemão (BND) pagou a jornalistas para espiarem outros jornalistas, durante anos e em grande escala, afirma um relatório do ex-juiz do Supremo Tribunal Gerhard Schaefer, divulgado a 12 de Maio pelo jornal “Süddeutsche Zeitung”.

O jornal alemão, que cita o relatório confidencial enviado esta semana pelo juiz Schaefer à comissão de controle parlamentar, aponta cinco casos de jornalistas que espiaram camaradas de trabalho e venderam as suas informações ao BND. Os jornalistas-espiões, refere o relatório, foram cooptados pelo BND ou prestaram-se voluntariamente ao serviço.

As revistas “Der Spiegel”, “Focus” e “Stern”, além do próprio “Süddeutsche Zeitung”, são alguns dos órgãos de comunicação mais espiados.

Ente as actividades do BND, citadas por Schaefer, está a observação de jornalistas em restaurantes, onde se suspeitava que eles se reuniam com fontes anónimas. A vida privada de um jornalista da “Focus” foi espiada durante 16 anos, entre 1982 e 1998, por um colega de redacção que trabalhava para o BND e que recebeu 600 mil marcos (300 mil euros) pelos seus serviços.

As revelações mais recentes datam do segundo semestre de 2005.

O relatório, com mais de 170 páginas e incluindo declarações de oito altos funcionários do BND, conclui que aquele organismo actuou ilegalmente e violou a liberdade de imprensa.

Segundo o “Süddeutsche Zeitung”, a comissão de controle parlamentar, cujas sessões e relatórios são confidenciais, vai ouvir a versão do BND antes de avaliar o caso.

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