RSF condena queixa de Pinto Monteiro contra “Sol”

A organização Repórteres sem Fronteiras condenou vigorosamente a queixa interposta, a 10 de Março, pelo procurador-geral da República, Fernando Pinto Monteiro, contra o semanário “Sol”, o seu director José António Saraiva e duas jornalistas, considerando que estes atentaram contra o seu “crédito, bom-nome e direito à imagem”.

O procurador-geral da República exige 360 mil euros de indemnização por considerar que a manchete do semanário “Sol” de 26 de Fevereiro de 2010 e o artigo “Arguidos avisados das escutas”, escrito por Ana Paula Azevedo e Felícia Cabrita, lançavam a suspeita de que teria sido ele quem avisou os suspeitos do processo Face Oculta de que se encontravam sob escuta.

“A queixa apresentada por Fernando Pinto Monteiro é incompreensível e totalmente infundada. Apesar de ninguém ser directamente designado, o dirigente máximo do Ministério Público alega que as suspeitas que o artigo lança contra a sua instituição o atingem pessoalmente e que a sua fotografia no semanário constitui um ataque ao seu direito à imagem”, diz a RSF, opinando que o que foi publicado pelo jornal não causa qualquer dano e considerando “aberrante” o montante do pedido de indemnização.

A organização revela-se ainda muito preocupada com a acusação proferida a 3 de Março pelo Ministério Público de Lisboa contra os diários “Correio da Manhã” e “Diário de Notícias” por violação do segredo de justiça do mesmo processo Face Oculta e afirma que “parece ser impossível levar a cabo uma investigação jornalística sobre este caso”, uma vez que “a própria justiça insiste em criar obstáculos à transparência necessária”.

Partilhe