Rádios do Burundi encerradas por noticiarem posições dos rebeldes

As autoridades do Burundi encerraram a 16 de Setembro, e por tempo indefinido, a Rádio Pública Africana (RPA), dias depois de terem fechado as portas da Rádio Isanganiro. O encerramento da RPA teve lugar após a estação difundir uma entrevista com um porta-voz dos rebeldes.

A 13 de Setembro, a Rádio Isanganiro recebeu ordem de encerramento por uma semana por ter colocado no ar um debate acerca do processo de paz no Burundi. A estação dera a palavra a Pasteur Habimana, porta-voz da Forças de Libertação Nacional, o único grupo rebelde de maioria Hutu que não assinou o acordo de cessar-fogo com o Governo.

Três dias depois, a 16 de Setembro, a RPA divulgou uma série de entrevistas telefónicas sobre o encerramento da Rádio Isanganiro, incluindo aí a reacção de Pasteur Habimana. Na ocasião, o porta-voz das Forças de Libertação Nacional falou sobre o colapso nas conversações de paz entre o Governo e o grupo de rebeldes Forças para a Defesa da Democracia.

De acordo com jornalistas da estação, às seis da tarde desse dia a estação recebeu uma carta do ministro das Comunicações, Albert Mbonerane, a ordenar o fecho da rádio dentro de uma hora e por período indeterminado. Antes de cumprir a ordem, a estação difundiu partes da missiva, na qual o ministro acusava a RPA de divulgar propaganda dos inimigos do país.

A carta acrescentava que as autoridades já haviam avisado as estações radiofónicas para que não divulgassem testemunhos inflamados contra o Governo, algo que também constava de uma missiva semelhante recebida pela Rádio Isanganiro.

Em protesto por esta situação, quatro outras estações de rádio privadas recusam-se agora a difundir qualquer posição governamental enquanto a RPA e a Rádio Isanganiro não forem reabertas.

Perante os dois encerramentos, o Comité para a Protecção dos Jornalistas considerou ultrajante a ordem do Governo contra as estações, que estavam apenas a tentar dar tempo de antena às duas partes em conflito no Burundi. Também a Repórteres Sem Fronteiras, que já enviou uma carta ao ministro da Comunicações, questiona quão longe irá o Governo do país nos seus esforços para calar notícias sobre as actividades dos rebeldes.

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