O Sindicato dos Jornalistas (SJ) denuncia a insistência do PSD em tentar controlar a RTP e repudia a perseguição que nesse âmbito está a ser movida contra a jornalista Fernanda Câncio.

Em comunicado divulgado hoje, 14 de Abril, o SJ insta o PSD a fazer cessar os ataques contra jornalistas tendo como pretexto as suas opiniões ou eventuais relações pessoais, e sublinha que tal atitude evidencia por parte do PSD uma “preocupante incapacidade” para conviver com a “expressão de opiniões diferentes”, para além de traduzir uma tentativa de “controlo político-partidário” do operador público.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

SJ repudia perseguição do PSD a jornalista

1.No espaço de uma semana, altos dirigentes do PSD protagonizaram actos de perseguição à jornalista Fernanda Câncio que merecem vivo repúdio e justificam profunda preocupação, pela natureza ofensiva das considerações sobre a integridade pessoal e profissional da visada e pela despudorada insistência na tentativa de controlo político-partidário da RTP.

2.Além de intoleráveis tentativas de intromissão nas relações pessoais e familiares de jornalistas, os dirigentes Rui Gomes da Silva, no passado sábado, e Ribau Esteves, hoje mesmo, no afã de alimentarem a todo o custo o fogo de ataque a outro partido, traduzem a posição de que só deve ser admitido a fazer programas na RTP quem não criticar o PSD.

3.Além de revelarem que tais dirigentes convivem mal com a expressão de opiniões diferentes, tais afirmações evidenciam uma preocupante incapacidade para compreender e aceitar ser possível – tanto quanto desejável – o exercício independente do trabalho informativo, inclusivamente por aqueles que livremente dizem o que pensam nos espaços próprios.

4.O Sindicato dos Jornalistas apela à Direcção do PSD para que faça cessar ataques dirigidos a profissionais com base nas suas hipotéticas ou reais relações pessoais, ou tendo como pretexto as suas opiniões, sob pena de tornar-se suspeito de tentar transformar os jornalistas numa espécie de eunucos cívicos, estabelecer um “index” de profissionais interditados de colaborar com a RTP e interferir na vida privada dos jornalistas com relações com o operador público de televisão. Basta!

Lisboa, 14 de Abril de 2008

A Direcção