Procurador americano exige testemunho de Cooper

Apesar da revista “Time” já ter entregue os e-mails e outra documentação de Matthew Cooper ao tribunal, o procurador federal Patrick J. Fitzgerald insistiu a 5 de Julho que o testemunho do jornalista é necessário e, caso ele continue a recusar-se a revelar as suas fontes, deve ser preso.

A decisão cabe ao juiz Thomas Hogan, que a revelará hoje, 6 de Julho, na derradeira audiência do caso Valerie Plame, a agente da CIA cuja identidade foi revelada em Julho de 2003 pelo colunista Robert Novak.

Caso sejam condenados, Judith Miller e Matthew Cooper solicitaram ao tribunal que a pena seja cumprida em casa, à semelhança do que aconteceu com Jim Taricani, também ele preso recentemente por defender o sigilo profissional.

Como alternativa, Judith Miller pediu para ser enviada para uma prisão de Danbury, no Connecticut, enquanto Matthew Cooper preferia ser encarcerado num estabelecimento prisional de Cumberland, em Maryland.

Contestando o pedido de prisão domiciliária dos jornalistas, Patrick J. Fitzgerald afirma que “férias forçadas numa casa confortável não é uma forma de coerção eficaz”, instando o juiz a prender os jornalistas num prisão de Washington, DC, que é onde o caso está a ser julgado.

“Certamente que quem já esteve no deserto em tempo de guerra está mais bem preparado do que o cidadão comum para ser preso num estabelecimento federal”, acrescentou o procurador federal, numa clara alusão à experiência de Judith Miller como repórter de guerra no Iraque.

Apoios nacionais e internacionais

Este caso tem gerado indignação na classe jornalística mundial, tendo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) apelado a todos os sindicatos que lhe são afectos para que se solidarizem com os dois repórteres e com o “New York Times” – que apesar do risco de multas elevadas mantém o apoio a Judith Miller – na defesa de um princípio ético fundamental do jornalismo.

“Estes casos são os exemplos mais recentes da pressão crescente que há sobre os jornalistas nos Estados Unidos, onde o governo de George W. Bush tem mostrado nos últimos anos uma intolerância cada vez maior para com o jornalismo independente”, afirmou a FIJ em comunicado.

A nível interno, Judith Miller e Matthew Cooper serão alvo de uma demonstração de solidariedade da Newspaper Guild CQWA, a 6 de Julho, sendo ainda de destacar as declarações ao “New York Times” de Joseph Wilson, marido de Valerie Plame, que considera uma “cobardia” o facto da fonte permitir que dois jornalistas sejam presos, em vez de assumir responsabilidade pública pelas suas acções.

Joseph Wilson diz ainda que a revelação da identidade da sua mulher – que entrou para a CIA pouco depois de se formar em Jornalismo na Universidade Estatal da Pensilvânia, em 1984 – foi uma forma de altos funcionários da administração Bush se vingarem das suas críticas à utilização de informação falsa para justificar a invasão do Iraque.

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