Ao analisar uma proposta da AIND, intitulada «Plataforma Ética Jornalística», o SJ considera que os valores éticos e deontológicos da profissão estão já suficientemente acautelados por várias disposições legais, e bom seria que a AIND se preocupasse sim com a obrigação de idênticos valores serem respeitados pelas entidades patronais.
1. A AIND – Associação Portuguesa de Imprensa, apresenta esta tarde uma proposta de “Plataforma Ética Jornalística”, tornando público um conjunto de documentos que apresenta desde há vários anos a diversas entidades, nomeadamente o Sindicato dos Jornalistas (SJ).
2. O SJ considera louvável o propósito que a AIND demonstra de definir regras para o comportamento editorial das empresas e renova a sua disponibilidade para contribuir, respaldado na sua própria experiência, para uma reflexão séria e aprofundada sobre os problemas deontológicos que se levantam aos jornalistas, assim como quanto às suas causas e consequências.
3. No que diz respeito às causas, o SJ não pode deixar, desde já, de chamar a atenção para a pesada responsabilidade que recai sobre as empresas e respectivas associações, devido à desregulamentação da actividade e à desenfreada e desregrada luta pelas audiências, assim como à crescente confusão entre informação e estratégias comerciais e promocionais.
4. Em matéria de ética e deontologia dos jornalistas as empresas estão já obrigadas a respeitar o que sobre estes domínios dispõem o Código Deontológico destes profissionais, as leis e os seus próprios estatutos editoriais e livros de estilo, bem como as reflexões e recomendações do Conselho Deontológico e dos seus conselhos de redacção.
5. O que se espera agora é que as empresas estabeleçam entre si normas de conduta que consagrem:
a) a eliminação das situações de trabalho desregulado;
b) a renúncia a métodos e orientações para a exploração do sensacionalismo;
c) o efectivo respeito pelos direitos dos jornalistas em matéria da deontologia profissional, de participação (conselhos de redacção) e direitos de autor;
d) um efectivo serviço público, a promoção da cidadania e da cultura e não a subordinação à informação e interesses comerciais e promocionais ou às estratégias de uma resposta rápida aos interesses do capital financeiro.