Polícia italiana apreende correspondência de jornal

A polícia italiana interceptou, sem aviso prévio, uma carta dirigida ao jornal “Secolo XIX”, cujo remetente era o grupo terrorista “20 de Julho” e na qual era reivindicado o atentado de 29 de Março contra a esquadra de Genova-Sturla.

O caso mereceu de imediato a condenação do secretário-geral da Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), Paolo Serventi Longhi, que considerou a actuação policial como de “gravidade inaudita”.

O dirigente sindical italiano confessou nunca ter pensado que mensagens endereçadas a jornalistas ou a um jornal pudessem ser apreendidas pelas autoridades nas estações de correios, a pretexto da possibilidade de interceptar alegadas reivindicações de atentados.

“É uma violação grave da privacidade e da liberdade de informação, e será ainda mais grave se se confirmar que a iniciativa policial não teve um suporte judicial”, acrescentou Paolo Serventi Longhi.

Em comunicado, a direcção do jornal sublinhou que nunca foi informada da apreensão da dita correspondência, e colocou em causa a legitimidade desta operação, afirmando que “foi lesado o direito de informar imediatamente os leitores de um facto da actualidade”.

O incidente mereceu ainda críticas de representantes de associações de jornalistas da Ligúria, que classificam o episódio como “gravíssimo”, até porque “nunca nenhum jornal ou jornalista negou às autoridades uma cópia de reivindicações” de atentados.

Esta tomada de posição da associação de imprensa, do grupo de cronistas e da Ordem de Jornalistas da Ligúria termina com a constatação de que “de hoje em diante devemos compreender que a inviolabilidade da correspondência e das fontes de trabalho dos jornalistas já não existe. Muito menos em Genova”.

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