Polícia canadiana quer ter acesso a entrevistas de jornalista

A polícia de Hamilton, no Canadá, solicitou ao repórter Bill Dunphy, do “The Hamilton Spectator”, que lhe entregue as entrevistas feitas ao narcotraficante Paul Gravelle, por considerar que podem ajudar à investigação de um assassinato ocorrido em 1998, que se suspeita ter sido cometido por Andre Gravelle, irmão do entrevistado.

Brian Rogers, advogado do “The Hamilton Spectator”, criticou o pedido, considerando-o “perigoso, por ser demasiado fácil ver os jornalistas como uma fonte de informação”.

Opinião semelhante tem Paul Knox, presidente da comissão de assuntos canadianos da Canadian Journalists for Free Expression (CFJE), para quem o uso de dados recolhidos pelos jornalistas os transforma num segundo braço da polícia, o que “terá inevitavelmente um efeito negativo na sua capacidade para informar o público”.

Apesar das preocupações demonstradas, o certo é que a lei penal canadiana prevê, desde 15 de Setembro de 2004, que um juiz obrigue qualquer pessoa a entregar documentos ou dados relevantes para a investigação de uma ofensa, sendo a recusa punida com multa de até 250 mil dólares canadianos e/ou até seis meses de cadeia.

Este caso, que deverá voltar ao tribunal nas próximas semanas, tem muitas semelhanças com o de Ken Peters, também ele jornalista do “The Hamilton Spectator”, que foi multado em mais de 30 mil dólares canadianos por se recusar a revelar uma fonte confidencial, e que apenas escapou a uma pena de prisão por a sua fonte ter optado pela auto-revelação.

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