Organizações internacionais condenam ataque à televisão iraquiana

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenaram o bombardeamento da sede da televisão iraquiana, que consideram uma violação das Convenções de Genebra. Foi a terceira vez, desde 1999, que forças norte-americanas atacaram instalações de uma televisão em situação de guerra.

O Comité para a Protecção de Jornalistas (CPJ) anunciou na quarta-feira, 26, que vai investigar o bombardeamento da sede da televisão nacional iraquiana. Joel Simon, presidente da organização, disse que o edifício “está protegido pela legislação internacional e apenas pode ser atacado se estiver a ser utilizado para fins militares”. A propaganda não é considerada um acto militar, acrescentou.

Os Estados Unidos mantêm a versão de que o edifício estava a ser utilizado como centro de comando militar, mas não apresentaram qualquer prova dessa alegação, que será investigada pelo CPJ.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) considera que as Nações Unidas devem investigar este ataque, que “aparenta ser um acto violento de censura que viola as Convenções de Genebra”, afirmou o secretário-geral da organização, Aidan White.

“Esta acção visou claramente frustrar o uso da televisão pelo regime para comunicar com o povo do Iraque”, afirmou White. A FIJ também exprimiu o seu repúdio pelo ataque e considerou que a versão norte-americana, de acordo com a qual se tratava de um alvo legítimo, não é credível. A organização também considerou absurda a alegação de que as emissões da televisão estivessem a ser utilizadas para enviar mensagens em código às tropas iraquianas no terreno.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou com veemência o edifício da televisão nacional do Iraque, na sequência do qual a emissão foi interrompida durante um curto espaço de tempo.

“Os bombardeamentos devem estar circunscritos a alvos estritamente militares”, disse o secretário-geral da organização. Robert Ménard acusou os americanos por “citarem a Convenção de Genebra quando se trata das imagens dos prisoneiros de guerra dos Estados Unidos no Iraque e esquecerem-na imediatamente, ao alvejarem um edifício de uma televisão que é propriedade civil e está protegido por aquela convenção”.

A RSF lembra que, no conflito do Afeganistão, os americanos bombardearam o escritório da Al-Jazeera em Kabul. “Deviam ter atenção em não deixar no ar a ideia de que alvejarão regularmente qualquer estação de televisão que lhes faça frente”, afirmou Robert Ménard. A organização recorda que a sede da televisão sérvia, em Belgrado, foi bombardeada em 1999, causando a morte a 16 pessoas.

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