Ordem de prisão a jornalista do “New York Times”

Um juíz norte-americano ordenou a prisão de Judith Miller, jornalista do “New York Times”, por alegadamente ter desrespeitado o tribunal ao recusar-se a divulgar as suas fontes de informação, num caso de revelação da identidade de uma agente da CIA.

Apesar da ordem dada a 7 de Outubro pelo juíz Thomas F. Hogan, a jornalista continuará em liberdade nos tempos mais próximos, uma vez que o seu advogado vai recorrer da pena que lhe foi atribuída: até 18 meses de prisão.

Judith Miller não é a primeira jornalista a ser intimada pelo tribunal no âmbito da investigação administrativa à divulgação não autorizada do nome de uma agente da CIA, o que é considerado crime nos Estados Unidos.

O primeiro caso foi o de Matthew Cooper, repórter da “Time”, que depois de ter sido condenado por desrespeito ao tribunal, em Agosto, acabou por testemunhar com autorização da sua fonte, o assessor vice-presidencial Lewis Libby.

Porém, tanto Judith Miller como o editor-executivo do “New York Times”, Bill Keller, já se disseram indisponíveis para testemunhar, mesmo nessas circunstâncias.

A primeira pessoa a revelar publicamente que Valerie Plame era uma agente da CIA foi Robert Novak, num artigo publicado a 14 de Julho, mas até hoje o procurador Patrick Fitzgerald não chamou este colunista a testemunhar.

Até à data, o procurador não deu quaisquer explicações sobre a sua estratégia de só tentar obrigar jornalistas a testemunhar, ainda que estes não estejam envolvidos na história que deu azo ao potencial crime, como é o caso de Judith Miller, que nunca escreveu sobre Valerie Plame.

Em reacção a este caso, Arthur Sulzberger Jr., dono to “New York Times”, afirma que “Judith Miller não fez nada de errado. Ela não foi a pessoa que revelou a identidade da agente da CIA. Mas é ela que enfrenta uma pena de prisão enquanto as pessoas que expuseram Valerie Plame continuam impunes. O conselho especial deveria chegar ao fundo deste caso sem ameaçar jornalistas com cadeia”.

Posição semelhante tem o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), para o qual os Estados Unidos estão a dar “um mau exemplo a um mundo em que muitos governos obrigam os jornalistas a colaborar com as investigações – comprometendo a sua independência e bloqueando a sua capacidade de obter notícias que as autoridades pretendem manter secretas.”

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