“O Primeiro de Janeiro” falido mas o jornal continua a sair

A liquidação dos bens que ainda restarem da empresa Sedico (antiga O Primeiro de Janeiro, SA) deverá possibilitar aos jornalistas ilegalmente despedidos em 2008 recuperarem uma parte dos créditos a que têm direito.

O plano de recuperação apresentado no Tribunal de Comércio de Gaia foi recusado pelos credores, que além de jornalistas e gráficos incluía o Estado (Finanças e Segurança Social), mas também a cooperativa presidida por Eduardo Costa, a Folha Cultural (que entretanto mudou o nome para Editorial Cult, CRL).

O plano de recuperação da Sedico apresentava diversas incongruências, incorrecções e previsões fantasistas que o administrador de insolvência não soube explicar na assembleia. A sede da empresa, por exemplo, continua registada numa morada falsa, em Gondomar. De resto, a recuperação parecia assentar na manutenção do título do jornal centenário, que tudo indica foi retirado à Sedico. De acordo com a assembleia de credores, a empresa não deveria estar a laborar, mas o facto é que o “Primeiro de Janeiro” continua a sair para as bancas, estando a ser produzido por quatro jornalistas com salários em atraso, que trabalham a partir de casa por não haver meios disponíveis na redacção. Aparentemente estes profissionais têm vinculo com a Norte Press Comunicação Social, outra empresa do grupo de Eduardo Costa.

O título “O Primeiro de Janeiro”, apesar de surgir na ficha técnica do jornal como sendo propriedade da Folio (empresa detida por Eduardo Costa e Folha Cultural), está registado na Entidade Reguladora da Comunicação Social como sendo da Caderno Digital, com sede em Ovar (registo n.º 101249). Esta empresa foi gerida pelo empresário de Oliveira de Azeméis até Outubro do ano passado. A empresa Folio, de resto, recebeu diversos pagamentos da Sedico, desde que o administrador de insolvência tomou posse, mas nunca se apresentou como credora.

Os créditos dos jornalistas e gráficos ascende a 840 mil euros, enquanto as dívidas do Estado estão avaliadas em mais de 5 milhões de euros. A cooperativa Folha Cultural, a irmã de Eduardo Costa e outros fornecedores surgem com uma dívida de cerca de 8 milhões de euros.

Corre ainda no Tribunal do Trabalho do Porto o processo movido contra a Sedico e Folio pelo despedimento ilegal, mas ainda não há nenhuma data marcada para a primeira sessão do julgamento.

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