Na morte de Cáceres Monteiro

Tendo tomado conhecimento, com profundo pesar, da morte de Carlos Cáceres Monteiro, ocorrida hoje, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas rende pública homenagem ao destacado jornalista, mas sobretudo a um dos dirigentes que mais marcaram – e continuam a marcar – a nossa organização de classe.

Presidente da Direcção do SJ em dois mandatos, entre 1977 e 1980, Cáceres Monteiro esteve profundamente ligado às primeiras leis que, depois do 25 de Abril de 1974, regulam o exercício do jornalismo em Portugal – a Lei de Imprensa, o Estatuto do Jornalista e o Regulamento da Carteira Profissional de Jornalista – e representam marcos históricos da regulação do sector à escala internacional.

Foi neste período que o Sindicato dos Jornalistas não só recuperou a sua imagem, como se afirmou como organização plural, que valoriza a diversidade de opiniões dos seus membros e promove a busca incessante da unidade, sendo expressões importantes desse combate os referendos de afirmação da independência em relação às centrais sindicais e de participação nas duas organizações internacionais de jornalistas.

No contexto da acção sindical e da defesa dos direitos e interesses dos jornalistas, Cáceres Monteiro destacou-se designadamente no período de forte crise que levou ao encerramento dos jornais “O Século” e “Jornal do Comércio”.

É justo assinalar, por outro lado, a intensa e frutuosa luta contra a integração da Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas no regime geral, cujos resultados permanecem ainda hoje, o que representa um importante legado de combate que a actual Direcção continuará a honrar.

Fazendo jus à luta do SJ pela formação superior dos jornalistas, Carlos Cáceres Monteiro esteve também ligado ao aparecimento do primeiro curso de comunicação social – na Universidade Nova de Lisboa – com a criação de comissão de acompanhamento do SJ.

Repórter de corpo inteiro em inúmeras partes do Mundo para onde foi destacado, foi igualmente um sindicalista atento aos problemas e às necessidades dos profissionais que partilham o Português como instrumento de trabalho, empenhando-se no 1.º Encontro de Jornalistas de Língua Portuguesa.

Carlos Cáceres Monteiro parte quando continua a fazer falta a tantos e tantos combates que o seu Sindicato tem pela frente, mas deixa um exemplo de trabalho e acção para os que têm hoje as responsabilidades que foram suas.

A Direcção e os funcionários do Sindicato dos Jornalistas apresentam à família, e em particular aos seus filhos Ana e Luís Cáceres Monteiro, também jornalistas e associados do SJ, as mais sentidas condolências.

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