Na morte de Álvaro Guerra

O papel de Álvaro Guerra na luta contra a ditadura e na defesa das liberdades democráticas é evocado pela direcção do Sindicato dos Jornalistas, em comunicado onde se associa às manifestações de pesar pelo desaparecimento, na quinta-feira, 18 de Abril, do grande jornalista, escritor e diplomata.

O Sindicato dos Jornalistas manifesta a sua consternação pela morte de Álvaro Guerra, prestigiado escritor e diplomata que, nos primórdios da sua actividade profissional, se distinguiu como jornalista.

Tendo sido redactor do jornal «República», órgão que dava voz à oposição democrática antes do 25 de Abril, Álvaro Guerra participou activamente na luta contra a ditadura e viveu com intensidade participativa o período da transição para a democracia.

No chamado «Verão quente» de 1975, quando a redacção do «República» foi ocupada por forças radicais que se opunham à orientação do director, Raul Rego, Álvaro Guerra solidarizou-se com este e, mais tarde, transitou com ele para o jornal «A Luta», conotado com o Partido Socialista. Mais tarde, desempenharia ainda as funções de director de Informação da RTP, onde defendeu a liberdade democrática em tempos politicamente conturbados.

Paralelamente à profissão de jornalista, Álvaro Guerra iniciou e desenvolveu a actividade de escritor, sendo autor de 16 livros, a maioria de ficção. No entanto, um dos seus livros mais aplaudidos, «Crónicas Jugoslavas», reflecte de forma indubitável a sua dupla experiência de jornalista e diplomata, tendo sido galardoado pela Associação Portuguesa de Escritores com o Grande Prémio da Crónica.

Como diplomata, Álvaro Guerra desempenhou missões de extrema delicadeza em vários países, nomeadamente no Zaire, bem como na Índia, Jugoslávia e, mais recentemente, em Estrasburgo.

A morte surpreendeu-o aos 65 anos, cortando abruptamente uma carreira de que seria legítimo esperar novos testemunhos do seu saber.

Partilhe