Museu de Imprensa descentraliza exposições sobre 25 de Abril

As exposições “25 de Abril: 500 peças” e “RevoluSAM”, com documentos e símbolos da revolução, estão patentes no Museu de Imprensa, no Porto, até final do ano, e visam divulgar um vasto conjunto de peças alusivo à “Revolução dos Cravos” no ano em que esta celebra 30 anos.

A mostra “25 de Abril: 500 peças”, inclui um espólio de jornais e revistas, livros, emblemas, moedas, medalhas, peças filatélicas, discos com canções de intervenção e panfletos dos meses que se seguiram à revolução.

O Museu Nacional de Imprensa reuniu não só peças emblemáticas da iconografia revolucionária, mas também os olhares e opiniões impressas dos que estavam contra o Processo Revolucionário Em Curso (PREC) e onde se contavam figuras do regime anterior.

Quanto à exposição “RevoluSAM”, apresenta oitenta desenhos nunca antes expostos do cartoonista SAM, tratando-se de uma forma de homenagem do Museu “a um dos mais importantes cartoonistas portugueses, nascido em Lisboa há 80 anos” e que faleceu em 1993.

Muito censurado durante a ditadura nos desenhos que produzia para o Expresso e para a revista Seara Nova, o artista captou a beleza, a euforia, os medos e as contradições do PREC e fez uma análise lúcida e irónica dos acontecimentos durante e após a revolução.

As duas mostras, que se encontram na Galeria de Exposições Temporárias do Museu Nacional de Imprensa, podem ser visitadas todos os dias das 15 às 20 horas.

Numa atitude de descentralização, o Museu Nacional de Imprensa mantém ainda, no Museu Municipal de Esposende, a exibição “Lápis Azul: A Censura do Estado Novo”, e, na Casa do Brasil em Santarém, a exposição “25 de Abril em Cartaz”.

“Lápis Azul: A Censura do Estado Novo”, que pode ser visitada até 27 de Junho, apresenta dezenas de documentos ilustrativos do largo espectro da actuação censória que vigorou durante quarenta e oito anos em Portugal, abarcando do regime militar ao regime de Oliveira Salazar e Marcello Caetano.

A exposição foi estruturada em cinco núcleos para contemplar os diversos sectores da actividade informativa e cultural em que a censura exerceu, da imprensa à música, passando pela rádio, televisão, cinema e teatro.

Integrando um núcleo de publicações clandestinas que mostram o recurso engenhoso de várias organizações, a mostra apresenta igualmente dezenas de provas que mostram a diversidade e a tipologia dos cortes na imprensa: da política ao desporto, passando pelas questões sindicais e cineclubísticas.

No domínio do cinema, podem ser apreciadas ordens dos censores, anúncios retocados e mapas semanais dos Serviços de Exame e Classificação da Inspecção dos Espectáculos, enquanto, no teatro, surgem guiões, ofícios, notificações e cartazes onde é clara a acção do lápis azul.

Ao nível da literatura, são apresentados vários autos de busca e apreensão de livros nas tipografias, editoras, livrarias e fronteiras, e, no âmbito da música, são divulgados processos movidos contra cantores e letras de canções de intervenção/combate, então proibidas.

Em Santarém, “25 de Abril em Cartaz” dá a conhecer até 23 de Maio três dezenas de cartazes sobre o 25 de Abril de 1974 que integram o espólio do Museu da Imprensa e onde se incluem trabalhos de Helena Vieira da Silva, João Abel Manta ou Vespeira.

Patente ao público na galeria principal, a exposição – que quer fazer “reviver aquele tempo de explosão livre dos sentimentos mais puros do Homem: a liberdade de dizer, de ouvir e de ser” – divulga cartazes desde o imediato pós-25 de Abril até aos comemorativos, que são os plasticamente mais trabalhados.

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