A mundialização dos média “tem um impacto particular sobre o combate pela igualdade entre os jornalistas mulheres e homens”, afirma a declaração final do seminário “As mulheres jornalistas no processo de integração europeia – igualdade homem/mulher – qualidade e direitos sindicais nos média europeus”.
O seminário, organizado pela Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), realizou-se em Nicósia, de 27 a 29 de Maio, e a declaração final foi tornada pública a 7 de Julho, após um processo de consulta às organizações participantes para aprovação formal.
A declaração salienta que “ a União Europeia e os governos nacionais deverão considerar o direito à informação como uma questão de ordem social e não o submeter aos ditames do mercado” e incentiva a FEJ e a Federação Internacional de Jornalistas a esforçarem-se mais para garantir a igualdade entre mulheres e homens no jornalismo.
É o seguinte o texto, na íntegra, da Declaração do seminário de Nicósia, onde o Sindicato dos Jornalistas esteve representado pela dirigente Anabela Fino:
DECLARAÇÃO DE NICÓSIA
Nós, mulheres jornalistas participantes no Seminário intitulado “as mulheres jornalistas no processo de integração europeia – igualdade homem/mulher – qualidade e direitos sindicais nos média europeus”, organizado em Nicósia (Chipre) de 27 a 29 de Maio de 2005, verificamos com mágoa que desde o 24.º Congresso Mundial da FIJ organizado na Coreia do Sul em 2001, e apesar do trabalho do Conselho para a igualdade dos géneros, muito pouco foi alcançado dos objectivos estabelecidos pelo referido Congresso.
Tendo igualmente em consideração o impacto profundamente nefasto da mundialização sobre as mulheres jornalistas, exigimos:
1. Que todos os sindicatos e todas as associações membros da FIJ e da FEJ se empenhem, até ao próximo Congresso Mundial, em 2007, em ter uma representação proporcional homem/mulher no seio de todas as instâncias de decisão;
2. Que a representação proporcional no seio dos comités executivos da FIJ e da FEJ se torne sem mais delongas uma realidade, como recomendado pelo Congresso Mundial;
3. Que a FIJ e a FEJ garantam que a participação dos sindicatos e das associações em todas as reuniões ou em todos os seminários respeite o equilíbrio homem/mulher;
4. Que as temáticas ligadas especificamente à igualdade homem/mulher sejam incorporadas na ordem do dia de todas as matérias cobertas pela FIJ, pela FEJ, pelos sindicatos e associações;
5. Que se reconheça que a mundialização dos média ameaça a liberdade de informação, deteriora as condições de trabalho dos jornalistas e dos autores freelance e que tem um impacto particular sobre o combate pela igualdade entre os jornalistas mulheres e homens. A União Europeia e os governos nacionais deverão considerar o direito à informação como uma questão de ordem social e não o submeter aos ditames do mercado;
6. Que a FIJ atribua fundos para a luta contra todas as formas de violência, de pressão e de intimidação contra as mulheres jornalistas;
7. Que a FIJ se empenhe, sem mais atrasos, em disponibilizar fundos para o Comité para a igualdade dos géneros, promova acções de formação e seminários, como estabelecido no plano de acção de 2001;
8. Que os fundos disponibilizados para o Comité para a igualdade dos géneros sejam aumentados de modo a que o financiamento das acções de formação e seminários se possam efectuar através do Conselho para a igualdade dos géneros;
9. Que a FIJ dê prioridade à igualdade de salários, apoiando todos os sindicatos e todas as associações nos seus esforços para fazer aprovar convenções colectivas, como foi decidido pelo Congresso de 2001;
10. Que sejam levados a cabo estudos sobre o impacto da mundialização sobre o direito de informação, sobre o papel dos sindicatos e as condições de trabalho e de vida dos jornalistas, e em particular das mulheres jornalistas.