Lista B “é uma verdadeira pedrada no charco”

Mensagem de José Pedro Castanheira, Adelino Gomes e Diana Andringa

Caro(a)s camaradas

Em primeiro lugar, queríamos dizer-vos que nos sentimos muito honrados em fazer parte desta lista. É uma equipa que pretende renovar o sindicato, com ideias novas, uma postura diferente, de gente jovem e outra nem tanto, com muita genica e vontade, imaginação e atrevimento. Tudo ingredientes que fazem falta ao sindicalismo e à cidadania. É bom ser convidado e participar (ainda que muito modestamente) numa aventura assim.

Gostaríamos ainda de elogiar a coragem de todos em entrar neste barco. Listas únicas são um muito mau indicador da saúde democrática das organizações – especialmente de jornalistas. Só o facto de, há 27 anos, não haver a possibilidade de os jornalistas poderem escolher, é um muito mau sinal. O simples aparecimento de uma lista alternativa deve ser saudado por todos os interessados num sindicato dinâmico, vivo, activo, plural e interveniente. Neste sentido, a lista é uma verdadeira pedrada no charco.

Mas representa também um acto de coragem no plano laboral. Ser militante ou dirigente sindical, infelizmente, na esmagadora maioria das empresas, públicas ou privadas, não é um bom dado curricular. Não são apenas os gestores ou os patrões que não apreciam os sindicalistas. São também muitos directores ou editores ou chefes. Todos o sabemos. Nos tempos que correm, assumir-se publicamente, no interior das empresas, como simples candidato a dirigente sindical, deve ser, pois, saudado.

O nosso sindicato atravessa desde há anos uma preocupante crise. Por nós, não faremos a injustiça de não reconhecer a dedicação e empenho dos camaradas que, em condições especialmente difíceis, permaneceram à frente dos seus destinos. É flagrante, porém, o estiolar da vida sindical e a sua falta de enraizamento nas redacções. O Sindicato dos Jornalistas perdeu credibilidade e viu reduzida de forma dramática a sua capacidade de influência e de intervenção na sociedade. O afastamento progressivo de sócios e a incapacidade demonstrada para atrair e mobilizar as novas gerações representam a necessidade imperiosa de mudança.

O sindicato precisa de se impor como um espaço que acolha todos os jornalistas, um polo de atracção e dinamização profissional, de confronto de ideias, de discussão plural, de defesa dos que têm e dos que não têm direitos laborais, de reflexão permanente sobre os gravíssimos problemas deontológicos, de relacionamento estimulante com as universidades, de negociação inovadora com as empresas, de abertura criteriosa e atenta aos novos média, de intervenção cultural na sociedade.

O sindicato tem que voltar a ser um verdadeiro parceiro – activo, autónomo, independente, respeitado. Como já o foi. E como é possível que volte a ser. Um primeiro passo será a eleição da lista B. Um segundo – como ambas as listas prometem – será a realização de um novo Congresso Nacional de Jornalistas (o último foi em 1998…).

Um Congresso aberto a todos os profissionais, sócios ou não do sindicato, no activo, desempregados ou reformados. Um Congresso que consagre simbolicamente, com a verdadeira renovação representada pelos que tomaram a iniciativa de concorrer e por aqueles que com tanto entusiasmo estão a aderir ao repto, o relançamento do sindicato como a casa comum de todos os jornalistas.

Um abraço a todos.
José Pedro Castanheira, Adelino Gomes e Diana Andringa

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