Liberdade de Imprensa é chave para o desenvolvimento

O desenvolvimento sustentável corre o perigo de não passar de letra morta, se não corresponder a um novo impulso global para a liberdade de Imprensa e a democracia. Esta é a principal mensagem da declaração da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) destinada à Cimeira Mundial de Joanesburgo, que decorre entre 26 de Agosto e 4 de Setembro.

Um jornalismo livre é a chave do desenvolvimento, afirma a Federação Internacional de Jornalistas, para quem a liberdade de Imprensa é uma das três questões fundamentais que a Cimeira de Joanesburgo terá de enfrentar, se quiser lançar as bases para um desenvolvimento sustentável efectivo.

A maior organização de jornalistas do mundo considera ainda ser indispensável tratar dos direitos fundamentais e não apenas dos direitos comerciais e exige um controlo global sobre os poderes das grandes multinacionais.

“Se pretende ser séria, a Cimeira deve enfrentar a crise da democracia e dos direitos do Homem e garantir que as campanhas para o desenvolvimento durável, a redução da pobreza e a protecção do ambiente sejam acompanhadas da construção de sociedades democráticas e pluralistas. A liberdade de Imprensa e o pluralismo devem ser campos de acção prioritários”, afirma a declaração da FIJ para a cimeira que terá lugar na maior cidade sul-africana.

A FIJ lembra que, nas regiões do globo confrontadas com os desafios mais duros, nomeadamente no plano ambiental, os direitos do Homem são violados diariamente e o jornalismo permanece uma profissão de alto risco. A organização está preocupada com o risco de a cimeira ficar refém de interesses ligados à liberalização dos mercados. E lembra que, hoje em dia, “emergem questões legítimas sobre a forma como essas instituições são dirigidas, quem as controla e a quem devem prestar contas”. A crise de confiança provocada pelos recentes escândalos financeiros em algumas grandes multinacionais não revelam senão uma dimensão da ausência de controlo sobre as grandes empresas que dirigem o processo de globalização dos mercados.

“Não é suficiente apelar a melhor critérios contabilísticos ou a restrições quanto às falsas declarações das companhias; hoje, é urgente combater o falhanço das sociedades, quando estas têm de responder pelas suas responsabilidades em relação aos funcionários que empregam, ao ambiente e às comunidades locais onde estão inseridas”, afirma-se na declaração.

A FIJ apoia o apelo dos sindicatos de todo o mundo para que sejam criados novos mecanismos internacionais susceptíveis de tornar as sociedades globais mais responsáveis. “Chegou o tempo de criar uma cultura de cidadania empresarial, impondo aos directores das empresas que tomem em consideração os efeitos das suas acções sobre o ambiente, os direitos do Homem, as comunidades locais e a mão-de-obra”, considera a federação.

São necessárias novas instituições globais para defender os direitos, promover o desenvolvimento e a democracia e retirar as rédeas do poder das mãos dessa élite não eleita que domina o comércio mundial. Para a FIJ, se as multinacionais não forem postas na ordem, então a Cimeira de Joanesburgo não terá passado de uma oportunidade perdida.

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