Julgamento do caso Zahra Kazemi no Irão

Está marcado para 17 de Julho o julgamento do caso Zahra Kazemi, a fotojornalista irano-canadiana que morreu há um ano, no dia 10 de Julho, no hospital Baghiatollah, em Teerão, depois de ter sido espancada durante um interrogatório policial.

Apesar de esperar que o julgamento permita o apuramento da verdade e que a sua secção canadiana possa assistir ao mesmo, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) suspeita que os oficiais seniores implicados no assassinato não vão ser punidos e que “será condenado um bode expiatório para pôr um ponto final num caso embaraçoso para o regime”.

A organização aproveitou a situação para relembrar as autoridades iranianas do pedido de repatriação para o Canadá dos restos mortais da jornalista, efectuado pelo seu filho, de maneira a permitir uma autópsia independente.

Segundo a RSF, Zahra Kazemi foi enterrada à pressa a 22 de Julho na cidade de Chiraz, depois das autoridades iranianas terem pressionado a mãe da jornalista para que autorizasse o enterro no Irão.

De acordo com um relatório da comissão iraniana de inquérito às circunstâncias da morte da jornalista, esta teve morte cerebral no dia 27 de Junho, devido a fracturas cranianas provocadas menos de 36 horas antes.

Durante esse período, Zahra Kazemi esteve sob custódia de elementos do Ministério dos serviços secretos e pessoal ligado ao procurador Said Mortazavi, que a tinham detido a 23 de Junho quando tirava fotografias à prisão de Evin.

No entanto, a morte oficial da jornalista só foi anunciada a 10 de Julho, um dia depois do aniversário das manifestações estudantis de 1999.

Para as autoridades judiciais iranianas, está fora de questão a acusação de instituições estatais, sendo o agente dos serviços secretos Mohammad Reza Aghdam Ahmadi suspeito de assassinato “quase deliberado”.

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