Judith Miller sai do “The New York Times”

Depois de 28 anos de trabalhos prestados ao “The New York Times”, Judith Miller chegou a acordo com o jornal no dia 9 de Novembro e vai deixar o diário onde se tornou protagonista de um caso mediático de defesa do sigilo profissional.

A jornalista afirmou que vai tirar um período de descanso, pois desde que saiu da prisão, onde passou 85 dias por se recusar a revelar a identidade de uma fonte, foi assolada por uma série de críticas de colegas de profissão, nomeadamente pela sua posição excessivamente próxima da Casa Branca.

As acusações de falta de isenção a Judith Miller são anteriores ao processo que a conduziu à prisão e prendem-se nomeadamente com a difusão acrítica do ponto de vista governamental sobre a guerra no Iraque.

Judith Miller foi presa a 6 de Julho passado e esteve 85 dias encarcerada por defender o direito a manter uma fonte anónima, privilégio de sigilo que assiste aos pacientes de médicos e aos clientes de advogados, e que 49 Estados norte-americanos estenderam aos jornalistas, embora não exista na lei federal.

A repórter, que ficou presa mais do dobro de tempo que qualquer outro jornalista americano passou na cadeia por esta causa, concordou em testemunhar perante o grande júri do procurador especial Patrick J. Fitzgerald sobre as conversas com a fonte Lewis Libby Jr, depois de este a ter libertado da promessa de confidencialidade e por o procurador especial ter limitado as suas perguntas às questões relativas ao caso Valerie Plame.

Para Judith Miller, ao contrário do que foi dito por colegas da classe, os acordos nunca poderiam ter sido alcançados se ela estivesse em liberdade, mas uma vez aceites as suas condições, não fazia sentido continuar na prisão como se fosse mártir ou como se tencionasse efectivamente obstruir a justiça.

Numa carta de despedida publicada no jornal, Judith Miller afirma-se orgulhosa dos prémios ganhos – um Pulitzer, um DuPont, um Emmy, entre outros – mas afirma ter de sair do diário por se ter transformado em notícia, algo que um repórter do New York Times nunca deseja ser.

A jornalista saudou o facto de o NYT ter advogado uma lei federal de protecção de jornalistas antes, durante e depois da sua detenção, e revelou que já tem propostas de trabalho de outros órgãos.

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