Jornalistas ucranianos contra censura política

Mais de duzentos jornalistas de televisão ucranianos denunciaram publicamente a intimidação e censura política exercida durante a cobertura das eleições presidenciais, o que permitiu inverter a situação a poucos dias do sufrágio.

A mudança iniciou-se a 28 de Outubro quando 42 jornalistas de quatro grandes canais ucranianos revelaram em conferência de imprensa que as administrações das televisões estavam a censurar os jornalistas, acusando-os de serem manipulados pela oposição.

No dia seguinte, sete jornalistas da “1+1”, o segundo maior canal do país, abandonaram a estação depois de terem “falhado nas tentativas de acabar com a censura” interna.

Ainda nesse dia, num grande encontro de jornalistas de seis canais televisivos foi decidido fazer vigílias imediatas em qualquer estação que tentasse despedir jornalistas e tomar medidas sempre que não se divulgassem acontecimentos como manifestações, distúrbios e acções repressivas da polícia ou dos militares.

A união da classe resultou na emissão da primeira entrevista ao líder da oposição, Viktor Yushenko, no canal público “UT-1”, a que se seguiu uma entrevista com Nikolai Tomenko, chefe da comissão parlamentar de liberdade de expressão. Também se notou a diminuição de propaganda difamatória na televisão.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) elogiou a “coragem e a atitude de desafio” dos profissionais da comunicação e apelou a que esta cobertura independente se tornasse a norma durante a campanha da segunda volta das eleições, que termina a 21 de Novembro.

A organização disse ainda que está a acompanhar com atenção o caso da televisão independente “Kanal 5”, onde os trabalhadores estão em greve de fome há uma semana, na sequência de uma decisão judicial de revogar a licença da estação e congelar as respectivas contas bancárias.

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