Jornalistas sentem-se “muito condicionados” no exercício da profissão

Inquérito desenvolvido por uma equipa do ISCTE, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas.

Os jornalistas consideram o exercício livre da sua profissão muito condicionado, nomeadamente por opções de agenda e condições laborais e salariais, e assumem ser pouco ou nada autónomos em relação às decisões das chefias ou administrações.
Estas são algumas das conclusões que podem ser retiradas do mais recente e abrangente inquérito aos jornalistas já realizado em Portugal (ver dados em anexo).
Respondido por quase 1600 jornalistas, em maio e junho de 2016, o inquérito foi desenvolvido por uma equipa do CIES-IUL (ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa), em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e o Obercom, e com o apoio da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista.
De acordo com os dados do inquérito, os jornalistas identificam a agenda como o maior condicionalismo (47,2%), seguida das condições de trabalho (43,6%) e do salário (43,5%).
A conciliação com a vida pessoal e familiar é outro grande condicionalismo (40,2%), bem como o medo de perder o emprego, que é uma preocupação para 36,6%.
Os inquiridos indicam também a hierarquia como um condicionalismo, com 31,5% a assumirem ser pouco ou nada autónomos em relação às decisões das chefias e 41% pouco ou nada autónomos em relação às decisões das administrações.
Em relação à apresentação de propostas e à seleção de informação, os jornalistas consideram-se muito mais autónomos, com apenas 12,5% (propostas) e 10,9% (seleção) a dizerem ser pouco ou nada autónomos.
Os profissionais são mais otimistas em relação à censura externa (14% identificam-na) e à autocensura (17% mencionam-na).
Os jornalistas inquiridos consideram-se autónomos em relação às pressões externas, visto que apenas 13,2% se dizem nada ou pouco autónomos em relação a poderes políticos ou outros e 9,5% em relação à pressão das fontes.
O principal objetivo do estudo “Os jornalistas portugueses são bem pagos? Inquérito às condições laborais dos jornalistas em Portugal” é analisar as condições laborais dos jornalistas portugueses, conhecer a diversidade de percursos e perfis jornalísticos e identificar os principais constrangimentos e desafios que se colocam ao exercício da profissão de jornalista.
O inquérito é composto por 78 perguntas e foi respondido por quase 1600 jornalistas, entre 1 de maio e 13 de junho de 2016, tendo sido validadas 1491 respostas.
A equipa de investigação do CIES-IUL é composta por Gustavo Cardoso, Joana Azevedo, Miguel Crespo e João Sousa. Este é o sexto grande estudo sobre os jornalistas e a atividade jornalística em Portugal produzido no âmbito do CIES/ISCTE-IUL, depois das investigações lideradas por José Manuel Paquete de Oliveira, José Luís Garcia e José Rebelo desde 1987.
Os resultados globais do inquérito serão apresentados no próximo dia 14, no 4.º Congresso dos Jornalistas, a realizar no Cinema S. Jorge, em Lisboa.

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