Jornalistas em greve no “Jornal de Notícias”

Os jornalistas ao serviço do “Jornal de Noticias” cumprem amanhã, 9 de Junho, uma paralisação de 24 horas e realizam depois de amanhã, feriado nacional, uma greve ao trabalho suplementar.

Em comunicado conjunto divulgado hoje, 8 de Junho, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e os delegados sindicais do “JN” atribuem a responsabilidade pela paralisação à Administração da Global Notícias, que rejeitou as propostas sindicais para ultrapassar o conflito.

Segundo o documento, a Global Notícias recusou um Acordo de Princípios que permitiria a saída do impasse, com a retirada do pré-aviso de greve e o reinício das negociações.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado conjunto:

Administração empurra jornalistas do JN para a greve

1. Os jornalistas ao serviço do “Jornal de Noticias” cumprem amanhã uma paralisação de 24 horas e realizam depois de amanhã, feriado nacional, uma greve ao trabalho suplementar.

2. Aquelas formas de luta devem-se à absoluta intransigência da Administração da Global Noticias, que rejeitou a negociação de qualquer compromisso que permitisse a saída do diferendo.

3. Com efeito, querendo contribuir para a resolução do conflito, a Direcção do SJ propôs, na passada segunda-feira, a negociação de um Acordo de Princípios com os seguintes pontos:

a) a entrega da contraproposta de Acordo de Empresa aos sindicatos e o início imediato da sua negociação;

b) a aceitação, pela Empresa, da vigência a 1 de Julho de 2006, e com efeitos nos subsídios de férias e de Natal, da tabela salarial a acordar na negociação do instrumento de regulamentação colectiva;

c) a negociação de uma compensação pela não atribuição do Prémio Objectivos relativo a 2005;

d) a negociação de uma nova fórmula para o Prémio Objectivos.

4. Quanto ao manifesto descontentamento dos jornalistas pela insuficiência da actualização de 2,3%, imposta sem qualquer negociação, a proposta visava obter um mecanismo que permitisse garantir uma correcção salarial ainda em 2006.

5. Relativamente ao Prémio Objectivos de 2005 – não atribuído pela Empresa por alegadamente não terem os mesmos sido atingidos, sendo certo que a Administração nunca os deu a conhecer – a proposta sindical procurava encontrar uma forma de compensar os jornalistas pela sua não atribuição por razões a que são completamente alheios.

6. Com efeito, mesmo tendo em conta que os resultados da Empresa possam ter diminuído em 2005, não cabe aos trabalhadores qualquer responsabilidade na prolongada indefinição em que a Global Noticias caiu após a precipitada decisão da Portugal Telecom de alienar os seus activos de média.

7. Quanto a uma nova fórmula de definição do Prémio Objectivos, pretendia-se contribuir para que esta fosse mais justa e transparente.

8. À proposta do SJ respondeu ontem a Administração, em fax remetido pelas 12h03, considerando não ser aceitável “que uma das partes possa condicionar a sua predisposição para iniciar conversações à verificação de uma série de exigências apresentadas num clima de pressão negocial”.

9. O Sindicato, que considera absolutamente legítima a pressão que vem sendo exercida pelos jornalistas e pelos seus representantes, respondeu de imediato (13h33), tornando muito claro que:

Primeiro, a sua proposta visava contribuir para ultrapassar o conflito que está na origem do pré-aviso de greve e não condicionar a negociação do Acordo de Empresa;

Segundo, a proposta visava um compromisso que permitisse a saída do impasse face à intransigência da Empresa;

Terceiro, o Sindicato considerar-se-ia habilitado a propor aos jornalistas a suspensão do pré-aviso se a Empresa aceitasse negociar o Acordo de Princípios Proposto.

10. Em resposta recebida às 21h01 de ontem, a Administração manteve e reforçou a sua atitude de intransigência, afirmando: “Acontece que, V. Exas, embora continuem a reafirmar que pretendem o diálogo, nada alteram face às posições anteriormente expressas, designadamente mantendo uma inaceitável pré condição de celebração de um «Acordo de Princípios» e o ambiente de pressão negocial. Sobre isto, já deixámos bem expressa a nossa posição”. E acrescenta: “Compreenderão V. Exas. que desta forma se está objectivamente a inviabilizar o caminho da negociação”.

11. Nestas condições, a Direcção do SJ e os delegados sindicais no JN consideram que se justificam e reforçam as razões da luta encetada, responsabilizam a Administração pelas consequências da sua intransigência e apelam aos jornalistas do JN para que se mantenham unidos, firmes e determinados.

Lisboa, 8 de Junho de 2006

A Direcção do SJ

Os Delegados Sindicais no JN

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