“Hoje e amanhã, os leitores do JN estarão certamente solidários com os seus jornalistas. E eles saberão compreender que, sem lutar pelos seus direitos, os jornalistas não seriam os mesmos que os ajudaram a crer que vale a pena tentar mudar as coisas.” A afirmação é dos jornalistas do “JN” em greve e consta de um documento à população divulgado hoje, 9 de Junho.
Na sua mensagem aos “leitores do JN”, os jornalistas em greve explicam que “estão luta porque querem continuar a merecer o apoio do público”, mas que não abdicam de o fazer “com direitos e com o respeito da Administração” da Global Notícias.
É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado dos jornalistas do “JN” em greve:
Aos leitores do “Jornal de Notícias”
09 de Junho de 2006
Os jornalistas ao serviço do “Jornal de Notícias” realizam hoje uma paralisação de 24 horas. Assim, a edição de amanhã do JN será afectada.
Amanhã, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, feriado nacional, cumprem uma greve ao trabalho suplementar. Também a edição de domingo será afectada.
Os jornalistas gostam de comunicar com os seus leitores. Os do JN, de forma muito particular.
Por isso têm merecido a sua confiança ao longo de 118 anos e têm feito um jornal líder de audiências.
Por isso têm pena de faltar dois dias ao convívio com o seu público.
Mas têm fortes razões para tal.
Os jornalistas do JN estão em luta porque querem continuar a merecer o apoio do público. Mas querem fazê-lo com direitos e com o respeito da Administração.
Os jornalistas do JN fazem greve porque:
· A Administração impôs uma actualização salarial insuficiente, que não permite encarar o aumento do custo de vida, e não aceita rever a sua posição;
· A Administração surpreendeu os trabalhadores com a decisão de não atribuir o Prémio Objectivos (uma compensação suplementar anual), alegando que tais objectivos não foram alcançados, sendo certo que aos jornalistas não foram fixadas quaisquer metas a atingir;
· A Administração não aceitou negociar com a organização sindical dos jornalistas uma saída para o impasse;
· A Empresa já devia ter completado a avaliação anual do desempenho dos jornalistas que lhes permite serem promovidos, mas nem o fez nem deu qualquer explicação para o atraso;
· A Administração continua a proibir os jornalistas de se reunirem no seu local natural de reunião – a Redacção;
· Os jornalistas do JN têm contribuído, ao longo dos anos, para os excelentes resultados que tanto atraíram os investidores numa disputada corrida para a compra da Empresa;
· Os jornalistas do JN não têm culpa da indefinição em que a Empresa viveu, durante largo tempo, com a decisão da Portugal Telecom de vender os jornais, a rádio e as revistas de que era proprietária;
· Os jornalistas não têm culpa dos reflexos negativos que o processo de venda teve nos resultados de 2005;
· Mas os jornalistas do JN desejam contribuir, com a sua capacidade, a sua energia e a sua dedicação, largamente demonstradas, para a recuperação da posição de liderança do jornal;
· Os jornalistas do JN consideram indispensável uma justa compensação do seu esforço, numa altura em que lhes é solicitado mais trabalho e mais dedicação;
· Os jornalistas do JN lutam por direitos justos.
Os jornalistas do JN gostam do seus leitores e desejam conquistar mais. Mas sabem que os leitores que apreciam o JN conhecem a combatividade e a coragem dos seus profissionais. Os leitores – e especialmente os do Porto e do Norte – têm contado com o JN para acompanhar os problemas e os anseios das populações, dos trabalhadores e dos desfavorecidos.
Hoje e amanhã, os leitores do JN estarão certamente solidários com os seus jornalistas. E eles saberão compreender que, sem lutar pelos seus direitos, os jornalistas não seriam os mesmos que os ajudaram a crer que vale a pena tentar mudar as coisas.
Gratos pela compreensão,
Os jornalistas do JN em greve