Jornalistas do JN denunciam desinvestimento

Os jornalistas do “Jornal de Notícias” advertem a empresa Global Notícias “para os efeitos negativos, designadamente na qualidade do trabalho quotidiano”, caso esta “persista na sua política de recuo e mesmo de desinvestimento no estímulo ao empenhamento e à dedicação dos jornalistas”.

Em moção aprovada em plenário, a 27 de Maio, os jornalistas do JN aceitaram a actualização dos seus salários em 2,2% já adiantada por acto de gestão, mas mantêm a reivindicação de revisão salarial em 5,99%.

Os jornalistas consideram que os pequenos progressos nas negociações entre a Comissão Sindical e a Administração são insuficientes para conter e inverter a perda do poder de compra, uma vez que nos últimos anos as suas actualizações salariais têm sido inferiores à inflação verificada.

“A atitude responsável sempre evidenciada pelos jornalistas ao serviço do JN (através das suas propostas de revisão das condições salariais) representa um contributo decisivo para que o jornal continue a afirmar-se e a produzir os resultados de que a própria Empresa se regozija publicamente”, lê-se na moção.

“O Jornal de Notícias teve uma performance notável no primeiro trimestre de 2004, vendendo em média 127,5 mil exemplares por dia, um crescimento de 19,6% face aos níveis de circulação do primeiro trimestre de 2003”, lê-se num comunicado da holding “PT Multimedia” divulgado no passado dia 27.

A Comissão Negociadora Sindical dos jornalistas e a Administração deverão reunir-se novamente no final desta semana.

É o seguinte o texto, na íntegra, da Moção aprovada no plenário do JN:

Moção

Considerando que:

1. Ao longo dos últimos anos se tem acentuado a perda do poder de compra dos jornalistas do “Jornal de Notícias” e invertido o processo de lenta mas sustentada melhoria das suas condições salariais;

2. As propostas apresentadas pelos representantes dos jornalistas do JN ao longo dos anos se têm caracterizado por uma visão responsável e contribuindo para a consolidação de condições económico-financeiras para que a Empresa pudesse enfrentar sem sobressaltos os ciclos de crise;

3. As propostas de actualização salarial relativas tanto a 2004 como a anos anteriores, apresentadas pelos jornalistas, têm tido em conta quer a situação do sector quer o desempenho do JN, devendo ser consideradas equilibradas e justas;

4. A atitude responsável sempre evidenciada pelos jornalistas ao serviço do JN representa um contributo decisivo para que o jornal continue a afirmar-se e a produzir os resultados de que a própria Empresa se regozija publicamente;

5. A legítima aspiração dos jornalistas à efectiva melhoria das suas condições, correspondendo ao seu contributo para o desempenho do jornal e da Empresa, não se encontra minimamente satisfeita nas posições da Administração relativamente à revisão salarial de 2004;

6. A atribuição de uma dotação para progressões por mérito, nos termos do Protocolo de Acordo de 1998 e dos acordos seguintes, representa algum esforço de reconhecimento suplementar do desempenho de parte dos jornalistas, mas é ainda insuficiente;

7. Se mantêm situações de falta de meios para o exercício adequado das tarefas profissionais e ainda situações de jornalistas aos quais não foi atribuído o regime de dedicação exclusiva;

8. A Administração se mostra disponível para prosseguir a discussão de outras matérias,

Os jornalistas do “Jornal de Notícias”, reunidos em plenário em 27 de Maio de 2004, decidem:

1.º – Considerar que, apesar de pequenos progressos no processo negocial, as respostas da Empresa às reivindicações são ainda muito insuficientes para garantir pelo menos a recuperação do poder de compra perdido nos últimos anos, e sobretudo para estimular o reforço da dedicação dos jornalistas;

2.º – Advertir publicamente a Empresa para os efeitos negativos, designadamente na qualidade do trabalho quotidiano, caso persista na sua política de recuo e mesmo de desinvestimento no estímulo ao empenhamento e à dedicação dos jornalistas;

3.º – Considerar que a posição da Empresa relativamente ao valor do índice 100 deve ser aceite como um acto de gestão para não adiar por mais tempo a actualização salarial de 2004, não prescindindo do objectivo de actualização do mesmo índice em 575 euros;

4.º – Exortar a Administração a examinar com a Comissão Negociadora Sindical as possibilidades de avanço na melhoria efectiva das condições dos jornalistas, designadamente em matéria salarial, formação contínua, progressão nas carreiras e férias;

5.º – Exortar a Comissão Sindical a proceder à verificação exaustivo e documentada do nível de cumprimentro das normas legais e convencionais em vigor e a promover a rápida correcção de eventuais incorrecções ou violações;

6.º – Reclamar da Empresa a atribuição dos meios adequados ao desempenho das tarefas jornalísticas;

7.º – Reclamar a atribuição do regime de dedicação exlusiva aos jornalistas que o requeiram;

8.º – Voltar a reunir-se em plenário até ao final do mês para análise do processo e aprovação de medidas.

APROVADO EM 27 de Maio de 2004

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