Jornalistas do “El Mundo” recusam trabalhar de graça para a Veo7

A comissão de trabalhadores do jornal espanhol “El Mundo” emitiu, a 27 de Setembro, um comunicado em que denuncia as manobras ilegais da empresa para levar os jornalistas do diário a elaborarem conteúdos para a cadeia televisiva Veo7, pertencente ao mesmo grupo.

Os trabalhadores sublinham que toda a equipa tem “dado mostras suficientes de responsabilidade, ao aceitar medidas de contenção que supõem uma diminuição salarial” e ao ceder gratuitamente a pedidos para “trabalhar mais e mais depressa para atender ao elmundo.es e, ultimamente, também ao El Mundo en Orbyt”, uma aplicação noticiosa paga, direccionada aos utilizadores de smartphones e internet.

“Face a esta atitude responsável, porque queremos superar a crise e continuar a trabalhar, a empresa respondeu em várias ocasiões com decisões injustificadas e desprovidas do mínimo bom senso”, destacam a comissão, destacando como exemplo máximo a recente tentativa de obrigar fotógrafos e redactores a realizar trabalho extra para a Veo7 a custo zero e sem consultar os representantes dos trabalhadores.

A empresa alega que os trabalhadores estão integrados num grupo multimédia que produz conteúdos informativos para vários suportes (papel, internet, rádio e televisão), foi preparada formação em vídeo e em locução para que a equipa cumpra as novas actividades e, além do mais, as gravações que são pedidas não supõem uma maior carga de trabalho, mas apenas uma forma diferente de realizar as tarefas dentro do horário laboral e respeitando as qualificações dos trabalhadores.

A essas explicações, a comissão de trabalhadores recorda que nenhuma lei diz que quem trabalha para um grupo multimédia deve estar ao serviço de qualquer empresa desse grupo, havendo até leis que castigam essa prática se não houver o cumprimento de determinadas condições, reiterou o carácter voluntário dos cursos e afirmou ser falso que as tarefas não suponham uma maior carga laboral, acusando quem afirma tal coisa de “não ter a mínima ideia de como se trabalha nas redacções”.

Até que o assunto seja negociado entre a empresa e os representantes dos trabalhadores, a comissão pediu a todos os redactores que lhe comuniquem qualquer pressão que recebam, de modo a que ela possa “efectuar a correspondente denúncia legal e pública”.

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