Jornalistas da Lusa podem avançar para a greve

Os jornalistas da Lusa admitem avançar para a greve, se a administração não puser termo às pressões visando despedimentos e recusar de novo receber a direcção do Sindicato de Jornalistas. A greve poderá ser marcada no plenário da Redacção agendado para 20 de Novembro.

A redacção da Lusa reunida em plenário, na quarta-feira, 6 de Novembro, aprovou uma moção onde os jornalistas exigem, de novo, o fim das pressões sobre os jornalistas, para os tentar forçar a aceitar o despedimento. Trinta jornalistas estarão a ser alvo dessas pressões.

A moção lamenta que a administração não tenha recebido a direcção do SJ, para discutir o regulamento de avaliação dos jornalistas, mesmo quando o sindicato estava disposto a ceder no único ponto em que havia desacordo.

Para os jornalistas, o processo de avaliações em curso na empresa tem por objectivo “legitimar”, de forma inaceitável, os despedimentos. Por isso, a moção apela a todos os membros da redacção, incluindo membros da direcção e das chefias, “para que se recusem a participar no processo de avaliação que a administração pretende impor”.

No documento, é ainda exigido à admnistração que preste “esclarecimentos cabais e detalhados sobre a situação económica e financeira da empresa”.

É o seguinte o texto integral da moção aprovada em plenário pelos jornalistas da Lusa:

MOÇÃO

“Considerando que

“ 1 – A administração da Lusa persiste em tentar forçar trabalhadores a aceitar despedimentos e há informações de que pretende levar 30 jornalistas a aceitarem esse despedimento, alegando problemas económicos, enquanto se continua a assistir a uma gestão de pouco rigor em matérias que não as despesas com pessoal;

“2 – A administração lançou um processo de avaliação que não tem em conta especificidades dos sectores da empresa e em relação ao qual se desconhecem os objectivos e ponderação dos itens;

“3 – Neste contexto, é lícito admitir que o objectivo das avaliações é tentar “legitimar” inaceitáveis despedimentos. Recorde-se que o Director de Informação, embora negando que o objectivo fossem despedimentos, disse ao CR que não seria para promoções porque não há dinheiro;

“4 – O SJ pediu uma reunião para discutir estas questões e tentar concluir o processo de regulamento de avaliação, estando o Sindicato disposto a ceder no único ponto em que ainda havia desacordo;

“5 – A Administração marcou, de acordo com o Sindicato, uma data para receber o SJ e não compareceu nessa reunião, fazendo-se representar por um director sem poderes de decisão;

Os jornalistas da Lusa, reunidos em Plenário no dia 6 de Novembro de 2002, decidem:

“1 – Apelar a todos os jornalistas (direcção, chefias e restantes jornalistas) para que se recusem a participar no processo de avaliação que a administração pretende impor;

“2 – Exigir à Administração que cesse toda e qualquer pressão sobre jornalistas para os tentar forçar a aceitar o despedimento, independentemente de todos os trabalhadores serem livres de negociar (sem pressões) qualquer acordo com a empresa;

“3 – Reclamar à administração que receba urgentemente, com a presença de membros seus com poderes de decisão, a Direcção do Sindicato dos Jornalistas para tratar dos assuntos que constavam da reunião anteriormente pedida, incluindo a conclusão do regulamento de avaliação negociado com os sindicatos;

“ 4 – Exigir à Administração que preste às organizações representativas dos trabalhadores esclarecimentos cabais e detalhados sobre a situação económica e financeira da empresa;

“5 – Caso não haja resposta cabal às reclamações apresentadas, marcar para 20 de Novembro um novo Plenário de Redacção para aprovar formas de luta, designadamente a greve.”

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