Jornalista de “Le Monde” despedido

O jornal francês “Le Monde” despediu o crítico de televisão Daniel Schneidermann, acusando-o de ter “denegrido o seu jornal” e não ter “o mínimo de lealdade”, pois revelou conversas profissionais internas e criticou o diário num capítulo do seu livro “Le Cauchemar Médiatique”, lançado a 2 de Outubro.

A decisão do “Le Monde” foi comunicada ao jornalista a 1 de Outubro, um dia antes do lançamento do livro, tendo o diário publicado, no passado sábado, 4 de Outubro, a versão integral da carta onde se explicam os motivos do “despedimento por justa causa” do colaborador.

Na missiva, o “Le Monde” alega que Daniel Schneidermann apoia, através do seu livro, as posições de Pierre Pean e Philippe Cohen – autores do livro “La Face Cachée du Monde”, publicado em Fevereiro, e contra os quais o diário moveu um processo por difamação –, uma vez que compara a reacção da direcção do jornal a esta obra como a de “um clã siciliano ofendido pela provocação de um clã rival”.

No dia do lançamento do seu livro, Daniel Schneidermann, também apresentador do programa de análise de televisão “Arrêt sur Images” da La 5, disse esperar “continuar no Le Monde e aí desenvolver uma reflexão profunda sobre as práticas redactoriais”.

Reagindo à atitude do “Le Monde”, a comissão sindical da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT) no diário emitiu uma nota interna, em que considera a sanção “desproporcionada” e introdutora de um precedente ao “instituir uma forma de ‘delito de opinião’”.

Este caso extravasou as fronteiras francesas e, em Portugal, Eduardo Cintra Torres e José Carlos Abrantes colocaram um abaixo-assinado na Internet, contestando o despedimento como “injusto e censório”.

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