Jornalista alemão detido e alvo de buscas em Bruxelas

O jornalista alemão Hans-Martin Tillack, correspondente da revista “Stern” em Bruxelas, foi detido, interrogado e viu a sua casa ser alvo de buscas por parte da polícia belga no dia 19 de Março.

A acção policial estendeu-se posteriormente às instalações editoriais da “Stern” e resultou na apreensão de equipamento informático, telemóvel e vários documentos, tendo sido ordenada por um juíz belga em favor do Gabinete Europeu Anti-Fraude (OLAF).

Esta instituição europeia acusa Hans-Martin Tillack de ter “corrompido um funcionário público”, de modo a obter informações para um artigo publicado na “Stern” em 2002, alegação desmentida pela direcção da revista alemã, que considera este incidente como “um ataque à liberdade de imprensa”.

Para Boris Wintzenburg, da secção de política da “Stern”, a detenção de Hans-Martin Tillack – que foi libertado ao final do dia, após interrogatório policial – estará relacionada com um artigo recente do jornalista sobre corrupção no Parlamento Europeu.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) também “suspeita” das motivações desta acção, e salienta o facto deste incidente ter ocorrido numa altura em que o parlamento belga discute a protecção das fontes dos jornalistas, “leis que há muito deviam ter sido implementadas”.

A FIJ relembra que, em 2003, o Tribunal Europeia dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, votou por unanimidade pela defesa dos princípios de protecção das fontes, no caso “Ernst e Outros Versus Bélgica”, por o seu desrespeito violar o artigo 10 (liberdade de expressão) da Convenção Europeia de Direitos Humanos.

Recorde-se que, nesse mesmo ano, a FIJ lançou uma campanha global para sublinhar a necessidade de proteger as fontes jornalísticas, e tem desde então apoiado os jornalistas que se recusam a testemunhar, caso isso implique a exposição de fontes confidenciais.

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