Jornal de partido da oposição suspenso no Egipto

As autoridades egípcias proibiram, a 8 de Fevereiro, a publicação do diário “Al-Ghad”, uma nova publicação pertencente ao partido da oposição com o mesmo nome. A decisão foi considerada “arbitrária” pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

“Condenamos a decisão do Alto Conselho para a Imprensa de suspender o jornal do primeiro partido da oposição a ser autorizado nos últimos 20 anos”, afirma a RSF, acrescentando que a publicação não deve ser afectada pelo facto de existirem contra o presidente do partido, Ayman Nour, acusações de ter “forjado documentos oficiais” que conduziram à sua actual detenção.

Ainda segundo a RSF, “a decisão de suspender o jornal está directamente relacionada com questões políticas e levanta dúvidas acerca da intenção do Egipto de embarcar num processo democrático duradouro em que os órgãos de comunicação social desfrutem de liberdade de expressão”.

O partido da oposição Al-Ghad obteve autorização de publicação a 28 de Dezembro de 2004 e o primeiro número encontrava-se na gráfica, que é propriedade do Estado, quando foi dada a ordem de suspensão.

A primeira edição do jornal incluía um artigo de Ayman Nour, escrito a partir da prisão e no qual ele descreve a sequência de eventos desde que foi detido, a 29 de Janeiro, e ainda textos a apelar a mudanças à Constituição do Egipto e a criticarem os métodos de eleição no país.

A RSF revela que, contactado por telefone pela organização, o editor do “Al-Ghad”, Ibrahim Issa, se revelou pouco optimista, dizendo que as autoridades apenas deram autorização para o jornal arrancar por pensarem que o iam ter sob controlo, tendo mudado de ideias ao ver a linha editorial da publicação.

Também Ayman Nour disse ter pouca esperança em que a publicação chegue alguma vez às bancas, ainda que venha a obter sucesso pela via judicial, uma vez que um outro periódico, o diário “Al-Shaab”, do Partido Trabalhista, foi suspenso na sequência de uma queixa do ministro da Agricultura e, apesar do tribunal de recurso ter autorizado a publicação a voltar ao activo, a 23 de Dezembro de 2004, esta continua embargada.

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