Israel responsabilizado por morte de jornalista em Gaza

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), a Repórteres sem Fronteiras (RSF) e o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) exigem um inquérito à morte do jornalista palestiniano Nazeh Darouazi, morto a 19 de Abril por um soldado israelita, em Nablus, apesar de nenhum inquérito do exército de Israel a casos de jornalistas alvejados na Palestina tivesse qualquer consequência até hoje.

O operador de câmara da Associated Press Nazeh Darouazi, de 42 anos, estava claramente identificado como jornalista e integrava um grupo de pelo menos seis repórteres. Foi atingido com um tiro num olho, disparado por um soldado israelita que se encontrava a 20 metros de distância, de acordo com testemunhas.

Para a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), a morte de Nazeh Darouazi prova que o exército israelita está a atacar deliberadamente os jornalistas palestinianos. “Ele vestia roupa que o identificava indubitavelmente como sendo da Imprensa. É impossível ignorar esta prova de que soldados alvejaram deliberadamente um jornalista”, afirma a FIJ, em comunicado.

A televisão filmou os confrontos e as imagens não deixaram dúvidas sobre o modo como Darouazi estava identificado. Isso leva a FIJ a insistir numa investigação que não seja apenas “um branqueamento dos militares”.

A RSF reiterou que os responsáveis não podem ficar impunes. “Exigimos solenemente que seja aberto um inquérito, cujos resultados sejam públicos e que leve ao apuramento de responsabilidades e, se necessário, ao castigo de quem esteve na origem deste acontecimento”, disse o secretário-geral da RSF, Robert Ménard.

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) afirmou-se “chocado” com a morte de Darouazi e, em carta enviada a Ariel Sharon, exige um inquérito exaustivo e acusa Israel de criar um clima favorável aos ataques a jornalistas, por nunca ter levado até ao fim o apuramento de responsabilidades.

Quatro mortos desde 2002

Nazeh Darouazi é o quarto jornalista morto por militares israelitas na Palestina desde Março de 2002. Outros quatro jornalistas foram feridos desde Janeiro deste ano.

O repórter fotográfico Raffaelle Ciriello, de 42 anos, do “Corriere della Sera” foi atingido por seis tiros de metralhadora disparados dum blindado israelita, quando cobria confrontos armados em Ramallah, a 13 de Março de 2002. O tanque estava a 150 metros do jornalista italiano.

Imad Abou Zahra, fotógrafo «freelance», de 35 anos, morreu em Jenin, a 12 de Julho de 2002, após ter sido atingido uma perna por disparos provenientes de um blindado israelita que abriu fogo sobre uma multidão, sem qualquer razão aparente.

Issam Hamza Tillawi, de 32 anos, jornalista e apresentador da rádio Voz da Palestina, foi atingido no crânio por um «sniper» quando cobria uma manifestação de apoio a Yasser Arafat em Ramallah, a 22 de Setembro do ano passado. Estava claramente identificado como jornalista.

Partilhe