Israel expulsa jornalista britânico

O jornalista britânico Peter Hounam, que em 1986 divulgou as revelações do cientista Mordechai Vanunu sobre as capacidades nucleares israelitas, foi expulso de Israel a 28 de Maio, noticiou a Agence France Presse.

Segundo o correspondente da agência, a ordem de expulsão de Peter Hounam, de 60 anos, foi emitida com a anuência do jornalista.

O repórter britânico, que está agora impedido de regressar a Israel, foi preso em Jerusalém, a 26 de Maio, por agentes à paisana e esteve sob custódia dos serviços secretos Shin Bet durante 24 horas. Hounam queixa-se de ter sido alvo de tortura do sono enquanto esteve detido e de não ter podido falar com a sua mulher.

Jornalista freelance, Peter Hounam encontrava-se em Israel a trabalhar num documentário para a BBC e, segundo oficiais séniores da segurança israelita, já tinha assegurado uma entrevista exclusiva com Mordechai Vanunu, violando assim a proibição imposta ao cientista de falar com estrangeiros sem autorização prévia.

A detenção de Peter Hounam motivou o protesto de diferentes organizações, como a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que a considerou como uma prova chocante da “hostilidade continuada e profunda” do establishment político e militar israelita contra qualquer tipo de jornalismo que sujeite o Estado à vigilância normal num regime democrático.

O secretário-geral da FIJ, Aidan White, instou ainda o Estado hebraico a repensar as proibições impostas a Mordechai Vanunu, uma vez que estas limitam o direito a informar e são desnecessárias.

Libertado a 21 de Abril deste ano, Mordechai Vanunu passou 18 anos preso, 12 dos quais em solitária, por “traição” e “espionagem”, após ter revelado informações sobre o programa nuclear israelita a Peter Hounam, então jornalista do “The Sunday Times”.

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