Israel ameaça liberdade de imprensa

A decisão do governo israelita de atribuir as acreditações a jornalistas aos serviços de segurança suscitou o vivo protesto da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que considera inaceitável que os profissionais dos média sejam vistos como “potenciais terroristas”.

Tanto a FIJ como o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) se pronunciaram contra a medida, de acordo com a qual, por uma “questão de precaução”, a partir de Janeiro de 2004 as recomendações dos serviços de segurança Shin Bet terão de ser tidas em conta pelo Gabinete de Imprensa do governo, a quem cabe a decisão final sobre a atribuição das acreditações.

Para a FIJ, esta decisão coloca os direitos dos jornalistas nas mãos dos serviços de segurança, o que vai, inevitavelmente, conduzir a uma discriminação para com os profissionais independentes e todos os que tiverem uma postura crítica face ao governo israelita.

A FIJ, que já enviou uma carta de protesto ao primeiro-ministro Ariel Sharon, sublinha que a concretização da medida destruirá a credibilidade do compromisso assumido por Israel de assegurar a liberdade de imprensa.

Por seu lado, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) alerta que a negação de uma acreditação a um jornalista com base em preocupações com a segurança do Estado hebraico tem pressupostos muito vagos, que no passado serviram para impedir jornalistas palestinianos de exercerem as suas funções.

Afirmando que a decisão deve ser anulada imediatamente, o CPJ assinala também que as novas regras vão afectar directamente os correspondentes estrangeiros a trabalhar nos territórios ocupados, e associa-se à Associação da Imprensa Estrangeira, de acordo com a qual a mudança constitui um revés à abertura que prevaleceu em Israel durante décadas.

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