Fusão na ITV aprovada apesar dos efeitos adversos

O governo britânico aprovou a 7 de Outubro a fusão dos grupos de média Granada e Carlton, que partilhavam a estação televisiva ITV, dando luz verde à criação da ITV plc, uma empresa televisiva que dominará metade do mercado publicitário do Reino Unido.

A ministra britânica do Comércio, Patricia Hewitt, exigiu apenas que as duas empresas vendessem os seus respectivos departamentos de publicidade e sublinhou as vantagens da operação, alegando que uma ITV mais forte terá maior capacidade para investir e apresentar programação de elevada qualidade, incluindo os canais regionais.

A governante admitiu, porém, que a fusão terá alguns efeitos “adversos”, dado que a estação dominará metade do mercado publicitário, situação já contestada pelas emissoras rivais – Channel 4, Five e BSkyB –, que dizem não ter outra opção que não fundir os seus departamentos de vendas, algo que está a ser estudado pelas entidades reguladoras do sector.

Por seu lado, os anunciantes receiam que a estação – que já é a maior rede terrestre de televisão comercial britânica – possa vir a abusar da sua posição dominante até porque a ITV, que controla 12 das 15 estações regionais do território, pode fixar os preços da publicidade.

Também a autoridade da concorrência britânica, que aprovou por unanimidade a fusão, reconheceu a existência de efeitos adversos na medida, mas considerou que estes podiam ser superados, desde que a empresa encontrasse, até 7 de Novembro, uma forma de implementar as condições impostas pelo governo.

Se tal acontecer, o negócio será completado no início de 2004 e permitirá à empresa poupar 55 milhões de libras, 20 dos quais proveniente da fusão dos departamentos de publicidade. A poupança dos restantes 35 milhões dependerá da combinação das funções de gestão, marketing, finanças, produção e emissão, o que envolverá diversos despedimentos.

Apesar disto, a eventual rejeição deste negócio de 4,48 mil milhões de libras, anunciado já há um ano, teria minado um dos pilares do novo Communications Act, destinado a liberalizar as regras de propriedade dos média, uma tendência que se observa a nível mundial e cujos excessos têm vindo a ser contestados por organizações como a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

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