FIJ e FEJ condenam expulsão de jornalista russa na Ucrânia

Autoridades alegaram que Anna Kurbatova representava uma ameaça para o país e veiculava propaganda anti-Ucrânia. A jornalista está ainda impedida de voltar durante três anos.

“Estamos a observar um padrão com repetidas tentativas de atacar a liberdade de expressão na Ucrânia. Tantos os estrangeiros como os jornalistas ucranianos estão sujeitos a estas ameaças”, considerou Anthony Bellanger, secretário-geral da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), ao condenar, tal como o fez a Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), a expulsão de que foi alvo a jornalista russa Anna Kurbatova.

Alegando que se tratava de uma ameaça à segurança e soberania do país e que veiculava propaganda anti-Ucrânia, a russa foi deportada para a Rússia e está impedida de regressar durante três anos.

“Esta deportação é mais um exemplo dos excessos das autoridades ucranianas e das medidas inapropriadas que têm ameaçado o direito fundamental de todos os jornalistas a noticiar sem restrições, nem constrangimentos”, acrescentou Bellanger, exortando a Ucrânia a voltar atrás com a decisão.

Segundo a FIJ, Kurbatova já fora notícia no canal televisivo estatal Channel One porque um grupo de desconhecidos a raptou e forçou a entrar num carro quando estava a chegar a casa, sabendo-se mais tarde que se tratara de uma ação dos serviços secretos. Outro canal, o Rossiya 24, contou que Kurbatova recebera ameaças por causa do trabalho que desenvolvia e fora colocada na lista negra do site Myrotvorets como difusora de propaganda anti-Ucrânia. O referido site foi responsável, no ano passado, pela divulgação de informações pessoais de diversos jornalistas, ação condenada na altura pela FIJ.

Pavlo Klimkin, ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, recebeu uma carta de Harlem Desir, representante da OSCE para a liberdade dos media, na qual se indicava que “expulsar jornalistas ou negar-lhes a entrada na Ucrânia são medidas perturbadoras e exageradas, em especial porque revelam falta de transparência da parte de quem toma estas decisões e falta de mecanismos de recurso”.

A deportação de Kurbatova segue-se ao impedimento de que foram alvo os espanhóis Antonio Pampliega e Manuel Angel Sastre, os quais não puderam entrar na Ucrânia porque, alegaram as autoridades, eram uma ameaça à segurança nacional.

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